Justiça indonésia pede dois anos de liberdade condicional para governador
O Ministério Público indonésio pediu hoje dois anos de liberdade condicional para o governador cessante de Jacarta, que está a ser julgado por blasfémia no maior país muçulmano do mundo.
© Reuters
Mundo Blasfémia
Basuki Tjahaja Purnama, conhecido como "Ahok", é "culpado de ter cometido publicamente um delito", declarou o procurador, Ali Mukartono, sublinhando que o acusado tinha expressado "hostilidade, ódio ou humilhação em relação a parte da população indonésia", na sua maioria (cerca de 90%) muçulmana.
O pedido foi apresentado um dia depois de "Ahok", oriundo de duas minorias cristã e chinesa, ter sido derrotado nas eleições, vencidas pelo rival muçulmano, apoiado pelos religiosos conservadores.
O governador foi acusado de blasfémia no final do ano passado. Os argumentos finais da defesa estão previstos para o final do mês e o julgamento deve começar em maio.
A pena máxima para blasfémia na Indonésia é de cinco anos de prisão.
"Ahok" foi acusado de blasfémia na sequência da divulgação de um vídeo, no qual dizia aos eleitores que estavam a ser enganados se acreditassem na interpretação de alguns ulemas (teólogos muçulmanos) de que um versículo específico do Alcorão proibia os muçulmanos de elegerem um não-muçulmano como líder.
Grupos conservadores islâmicos organizaram protestos contra "Ahok", que juntaram centenas de milhares de pessoas em Jacarta.
"Ahok", primeiro governador não muçulmano nos últimos 50 anos e o primeiro oriundo da minoria chinesa, acedeu automaticamente ao cargo em 2014, depois do antecessor Joko Widodo ter sido eleito chefe de Estado.
Na quarta-feira, "Ahok" foi derrotado nas eleições locais ao obter 42% dos votos contra 58% para o antigo ministro da Educação Anies Baswedan, de acordo com estimativas.
O influente cargo de governador da capital de dez milhões de habitantes é considerado um trampolim para as presidenciais de 2019.
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