Presidente turco denuncia pressões contra os turcos da Bulgária
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou hoje "as pressões" que na sua perspetiva estão a ser exercidas sobre a importante minoria turca da Bulgária, após os dirigentes do país balcânico terem acusado Ancara de ingerência nas legislativas de domingo.
© Reuters
Mundo Erdogan
"Amarga-nos profundamente saber que estão a ser exercidas certas pressões lá [na Bulgária]. Por um lado, falam de democracia, e por outro exercem pressões sobre os turcos. É tudo incrível!", declarou Erdogan, num discurso em Ancara.
As relações entre Sófia e Ancara deterioraram-se nos últimos dias devido à campanha eleitoral na Bulgária para as legislativas antecipadas de domingo, em que se espera uma votação renhida.
As autoridades búlgaras e os dois principais partidos búlgaros (conservadores e sociais-democratas) acusam Ancara de ingerência nos assuntos internos búlgaros pelo apoio declarado ao novo partido pró-turco Democratas pela Responsabilidade, Solidariedade e Tolerância (DOST), influente na comunidade turca da Bulgária.
A minoria turca na Bulgária inclui cerca de 700.000 pessoas, entre 10% a 13% da população e uma herança da prolongada soberania otomana nos Balcãs. Perto de 200.000 turcófonos de origem búlgara e dupla nacionalidade vivem ainda na Turquia, e um terço participa regularmente nas eleições búlgaras.
"Não pretendemos qualquer território, nem negar a soberania das pessoas. Agimos para proteger os direitos dos nossos semelhantes", declarou durante o seu discurso, mas sem citar explicitamente a Bulgária.
"Esperamos de todo o coração que as eleições na Bulgária decorram serenamente, de forma justa e transparente", acrescentou o chefe de Estado turco.
Num sinal das tensões entre os dois países, o Governo búlgaro disse na terça-feira pretender cancelar o processo de concessão do aeroporto do Sófia, e quando foi revelado que duas das três sociedades interessadas são de origem turca.
As relações da Turquia também se deterioraram com diversos países da União Europeia, em particular a Alemanha e a Holanda, após a anulação de diversos comícios eleitorais pró-Erdogan no âmbito do referendo constitucional na Turquia de 16 de abril destinado a reforçar os poderes presidenciais.
Tradicionalmente, a população muçulmana da Bulgária vota no Movimento dos Direitos e Liberdades (DPS), a maior formação da minoria turca da Bulgária, que segundo as sondagens vai garantir 8% de votos no escrutínio de domingo e se tornará na quarta força no parlamento, assumindo o seu tradicional papel de "partido-charneira".
O DOST, que se apresenta pela primeira vez às eleições búlgaras, parece ter escassas possibilidades em ultrapassar a barreira obrigatória dos 4% para garantir representação no hemiciclo.
Na década de 1980, cerca de 350 mil turcos de nacionalidade búlgara abandonaram ou foram expulsos do país balcânico para o vizinho euroasiático na sequência de um processo de assimilação que recusaram e incluía a obrigação de mudarem o nome.
Cerca de metade acabou por regressar à Bulgária após o fim do regime totalitário de Todor Zhivkov.
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