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Presidente turco denuncia pressões contra os turcos da Bulgária

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou hoje "as pressões" que na sua perspetiva estão a ser exercidas sobre a importante minoria turca da Bulgária, após os dirigentes do país balcânico terem acusado Ancara de ingerência nas legislativas de domingo.

Presidente turco denuncia pressões contra os turcos da Bulgária
Notícias ao Minuto

18:21 - 23/03/17 por Lusa

Mundo Erdogan

"Amarga-nos profundamente saber que estão a ser exercidas certas pressões lá [na Bulgária]. Por um lado, falam de democracia, e por outro exercem pressões sobre os turcos. É tudo incrível!", declarou Erdogan, num discurso em Ancara.

As relações entre Sófia e Ancara deterioraram-se nos últimos dias devido à campanha eleitoral na Bulgária para as legislativas antecipadas de domingo, em que se espera uma votação renhida.

As autoridades búlgaras e os dois principais partidos búlgaros (conservadores e sociais-democratas) acusam Ancara de ingerência nos assuntos internos búlgaros pelo apoio declarado ao novo partido pró-turco Democratas pela Responsabilidade, Solidariedade e Tolerância (DOST), influente na comunidade turca da Bulgária.

A minoria turca na Bulgária inclui cerca de 700.000 pessoas, entre 10% a 13% da população e uma herança da prolongada soberania otomana nos Balcãs. Perto de 200.000 turcófonos de origem búlgara e dupla nacionalidade vivem ainda na Turquia, e um terço participa regularmente nas eleições búlgaras.

"Não pretendemos qualquer território, nem negar a soberania das pessoas. Agimos para proteger os direitos dos nossos semelhantes", declarou durante o seu discurso, mas sem citar explicitamente a Bulgária.

"Esperamos de todo o coração que as eleições na Bulgária decorram serenamente, de forma justa e transparente", acrescentou o chefe de Estado turco.

Num sinal das tensões entre os dois países, o Governo búlgaro disse na terça-feira pretender cancelar o processo de concessão do aeroporto do Sófia, e quando foi revelado que duas das três sociedades interessadas são de origem turca.

As relações da Turquia também se deterioraram com diversos países da União Europeia, em particular a Alemanha e a Holanda, após a anulação de diversos comícios eleitorais pró-Erdogan no âmbito do referendo constitucional na Turquia de 16 de abril destinado a reforçar os poderes presidenciais.

Tradicionalmente, a população muçulmana da Bulgária vota no Movimento dos Direitos e Liberdades (DPS), a maior formação da minoria turca da Bulgária, que segundo as sondagens vai garantir 8% de votos no escrutínio de domingo e se tornará na quarta força no parlamento, assumindo o seu tradicional papel de "partido-charneira".

O DOST, que se apresenta pela primeira vez às eleições búlgaras, parece ter escassas possibilidades em ultrapassar a barreira obrigatória dos 4% para garantir representação no hemiciclo.

Na década de 1980, cerca de 350 mil turcos de nacionalidade búlgara abandonaram ou foram expulsos do país balcânico para o vizinho euroasiático na sequência de um processo de assimilação que recusaram e incluía a obrigação de mudarem o nome.

Cerca de metade acabou por regressar à Bulgária após o fim do regime totalitário de Todor Zhivkov.

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