Rajoy apenas contou com os votos dos 137 deputados do Partido Popular (PP, direita), os 32 do Cidadãos (centro) e um da Coligação Canárias (nacionalista), um total de 170 votos, que não lhe asseguraram a maioria absoluta (176) do Congresso dos Deputados (parlamento) que tem um total de 350 lugares.

Os restantes partidos votaram contra, num total de 180 votos, o que incluí os 85 deputados do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e os 71 do Unidos Podemos (coligação de partidos da extrema-direita).

Os deputados do PSOE, que já receberam indicações da sua direção para se absterem no sábado, quando Rajoy apenas precisar do apoio de uma maioria simples de votos para ser eleito Presidente do Governo.

Antes do início da votação de hoje, os deputados do Unidos Podemos abandonaram o hemiciclo tendo regressado alguns minutos depois.

Protestaram dessa maneira contra as acusações do porta-voz do PP, Rafael Hernando, que no debate que antecedeu a votação acusou o líder do Unidos Podemos, Pablo Iglesias, de "usar o nome de Espanha para se meter ao serviço de ditadores".

A segunda votação de investidura do candidato do PP vai realizar-se 48 horas depois da primeira, no sábado às 19:45 (18:45 de Lisboa).

A posição do PSOE deverá assim viabilizar a formação de um novo executivo que volta a ser liderado por Mariano Rajoy, depois de dez meses de impasse político.

A mudança de posição do PSOE foi muito criticada por toda a extrema-esquerda reunida na coligação Unidos Podemos que, apesar de ter menos deputados do que os socialistas, quer liderar a oposição a Rajoy a partir de agora.

Os socialistas estão muito divididos, tendo Pedro Sánchez demitindo-se em 01 de outubro por não concordar com a maioria do seu partido que decidiu que o PSOE se deveria abster para evitar umas terceiras eleições no espaço de um ano.

Vários deputados socialistas continuam a afirmar que irão votar "não", contra a orientação definida pela direção provisória do partido.

Se tudo correr como se espera, Mariano Rajoy poderá tomar posse no domingo, no máximo na segunda-feira, no último dia do mês e prazo limite para evitar a marcação de novas eleições, como estipula a Constituição espanhola.

O líder do PP já falhou uma primeira tentativa de investidura em setembro no parlamento, quando apenas contou com o apoio do Cidadãos e da deputada da Coligação Canária, tanto na primeira como na segunda votação e a oposição de todos os outros partidos.

O PP foi o partido mais votado, mas sem conseguir a maioria absoluta, tanto nas eleições que se realizaram a 20 de dezembro de 2015 como nas eleições de 26 de junho em que aumentou a percentagem de votantes e o número de deputados.

O PP teve em junho 33,0% dos votos e 137 deputados, seguido pelo PSOE com 22,7% e 85 deputados, Unidos Podemos com 21,1% e 71 deputados e Cidadãos com 13,0% e 32 deputados.