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Acusação pede pena máxima para suspeito de 11 mortes em posto militar

A acusação pediu hoje pena máxima de prisão para o suspeito de 11 mortes no destacamento militar de Monte Txota, António Manuel Ribeiro, que em tribunal falou apenas para pedir desculpas ao país e às famílias das vítimas.

Acusação pede pena máxima para suspeito de 11 mortes em posto militar
Notícias ao Minuto

16:44 - 27/10/16 por Lusa

Mundo Cabo Verde

Na primeira sessão do julgamento, que decorreu durante a manhã de hoje, no comando da 3.ª região militar, na cidade da Praia, o promotor do Tribunal Militar Djob Nascimento disse que os factos apurados durante a instrução do processo, as perícias e as confissões da autoria dos crimes do próprio suspeito durante os interrogatórios provam "de forma inequívoca a culpabilidade do réu".

A acusação sustentou ainda que ficou provado que António Manuel Ribeiro estava em pleno poder das suas faculdades mentais e premeditou os crimes, tendo inclusive dito ao comandante do posto militar, onde era soldado, que se "lhe entregassem uma arma os mataria a todos", o que viria a acontecer horas depois, cerca das 02:30 do dia 25 de abril.

Além dos oito militares que estavam no posto militar de Monte Txota, interior da ilha de Santiago, António Manuel Ribeiro mataria horas mais tarde, cerca das 09:30, três técnicos - dois espanhóis e um cabo-verdiano - tendo-se apoderado do carro que conduziam para chegar à cidade da Praia.

A acusação pediu, por isso, a condenação a pena máxima de prisão, que se for aplicado o direito penal comum - o que o tribunal não esclareceu nesta sessão - será de 35 anos.

Caso seja aplicado o direito militar a pena máxima de prisão é de 23 anos.

A defesa de António Manuel Ribeiro, que é assegurada pelo defensor oficioso, tenente Júlio Monteiro, apontou a postura de colaboração do suspeito, o seu caráter calmo e os problemas que sofreu ao longo da vida (maus tratos, o suicídio do pai, o viver longe da mãe) como circunstâncias atenuantes da sua conduta e pediu aos juízes que "sejam benevolentes".

O suspeito respondeu apenas às perguntas relativas à sua identificação, a que estava obrigado, adiantando ter também conhecimento dos motivos que o levaram ao tribunal.

António Manuel Ribeiro é acusado de 11 homicídios agravados.

Posteriormente remeteu-se ao silêncio, tendo falado apenas no final da audiência quando o presidente do coletivo de juízes lhe perguntou se queria acrescentar alguma coisa em relação à sua defesa.

"Em relação à minha defesa não quero dizer nada. Quero apenas pedir desculpas à Nação e às famílias que prejudiquei", disse.

Durante a primeira sessão do julgamento, que contou no coletivo de juízes com a juíza civil Ana Reis, foram ouvidas cinco das seis testemunhas arroladas no processo.

Pela sala do tribunal passaram o técnico da CVTelecom que, a 26 de abril, deu o alarme de que algo de anormal se passava no posto militar, o primo do suspeito, com quem ele foi ter após ter cometido os homicídios, dois guardas que o terão ajudado a empurrar o carro, que acabaria por abandonar com as armas dos militares mortos no interior e o taxista em cujo carro entrou e que ajudou à sua detenção, na cidade da Praia, dois dias após os crimes.

A sexta testemunha, o comandante da companhia do arguido, faltou por se encontrar fora da Praia, e a acusação acabou por desistir da testemunha, ao que a defesa não se opôs.

A próxima sessão do julgamento, em que será lida a sentença, ficou marcada para 03 de novembro.

António Silva Ribeiro, 23 anos, mais conhecido por "Entany", é suspeito da morte, em abril, de 11 pessoas - oito militares e três civis, incluindo dois cidadãos espanhóis - no destacamento de Monte Txota, na localidade de Rui Vaz, interior da ilha de Santiago.

Na sequência, várias figuras da hierarquia das Forças Armadas cabo-verdianas colocaram o seu cargo à disposição.

Uma dessas figuras foi o então Chefe de Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA), Alberto Fernandes, que foi substituído pelo então comandante da Guarda Costeira, Anildo Morais.

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