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Prémio Martin Ennals distingue intelectual uigure Ilham Tohti

O intelectual uigure Ilham Tohti, condenado a prisão perpétua pela China, foi distinguido hoje em Genebra com o Prémio Martin Ennals 2016 para os defensores dos direitos do Homem, suscitando a cólera da diplomacia chinesa.

Prémio Martin Ennals distingue intelectual uigure Ilham Tohti
Notícias ao Minuto

13:07 - 11/10/16 por Lusa

Mundo Direitos Humanos

O Prémio Martin Ennals, considerado o "Nobel dos Direitos do Homem", foi criado em 1993 para homenagear indivíduos que demonstrem "um profundo empenho" na defesa dos direitos fundamentais. Ilham Tohti não pôde estar presente na entrega do prémio em Genebra.

O britânico Martin Ennals, que dá o nome ao prémio, foi secretário-geral da Amnistia Internacional de 1968 a 1980.

Ilham Tohti, economista e universitário da etnia uigure, foi condenado a prisão perpétua em setembro de 2014 devido a comentários feitos aos seus alunos a propósito de Xinjiang, uma região autónoma do noroeste da China que rejeita a autoridade de Pequim.

O intelectual foi acusado e condenado por "separatismo", por um tribunal de Urumqi, capital de Xinjiang. O processo jurídico foi alvo de muitas críticas na comunidade internacional.

"A verdadeira vergonha desta situação é que, ao eliminar a voz moderada de Ilham Tohti, o governo chinês semeia as bases do mesmo extremismo que pretende evitar", declarou hoje o presidente da Fundação Martin Ennals, Dick Oosting.

Desde há muito tempo que Ilham Tohti tem vindo a denunciar a repressão de Pequim sobre os uigures, muçulmanos turcófonos que representam a etnia mais numerosa de Xinjiang. No entanto, o intelectual não defendeu a independência da região.

Durante o seu processo, Tohti recusou as acusações de separatismo, afirmando que apenas manifestou a sua opinião no decorrer das aulas que dava na universidade em Pequim.

Em novembro de 2014, a primeira condenação foi confirmada por um tribunal de recurso. Na China é raro um tribunal - presidido por juízes controlados pelo aparelho do partido comunista chinês - anular uma sentença de primeira instância.

O prémio atribuído hoje motivou uma reação forte das autoridades chinesas.

"Nas suas aulas, [Ilham Tohti] incentivava suspeitos de atentados terroristas, ao apresentá-los como heróis. Utilizou igualmente o seu cargo como professor para ameaçar certas pessoas e incitar à participação em atividades separatistas", reagiu o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang.

O responsável disse que "as provas dos atos repreensíveis de Ilham Tohti são reveladoras".

"Foi condenado pela justiça chinesa por separatismo. O seu caso nada tem a ver com Direitos do Homem", salientou Geng Shuang num encontro com a imprensa.

O Prémio Martin Ennals é atribuido todos os anos por uma dezena de organizações como a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch ou a Federação Internacional dos Direitos do Homem.

"Esta recompensa é um encorajamento, não apenas para ele individualmente, mas também para a sua família e para todos os uigures", realçou Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial Uigure, um grupo de exilados sediado em Munique.

Além de Ilham Tohti, também o advogado sírio Razan Zeitouneh e vários "bloguistas" etíopes foram selecionados para o Prémio Martin Ennals.

Em 2015, o prémio foi atribuído a Ahmed Mansoor, defensor dos Direitos Humanos nos Emirados Árabes Unidos.

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