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No balanço da liderança, Ban Ki-moon prometeu mais do que cumpriu

Ban Ki-moon está há uma década à frente das Nações Unidas, com muitas promessas por cumprir, sobretudo no que a reformas diz respeito, mas com vitórias relevantes nos dossiês do nuclear e das alterações climáticas.

No balanço da liderança, Ban Ki-moon prometeu mais do que cumpriu
Notícias ao Minuto

08:25 - 11/10/16 por Lusa

Mundo ONU

Na quinta-feira -- o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas deverá confirmar como seu sucessor António Guterres --, fará dez anos que o atual secretário-geral foi eleito para "o trabalho mais impossível do mundo" -- como dizia o norueguês Trygve Lie (no cargo em 1946-1952).

Entre os críticos que o consideram o pior secretário-geral de sempre, com pouco carisma e fugindo de decisões difíceis, e os apoiantes do hábil negociador que liderou com estabilidade uma década complexa, o britânico The Telegraph perguntava, num artigo recente, se o mundo iria ter saudades de Ban, quando este deixar o cargo, antecipando que, "provavelmente, não".

Ban Ki-moon -- que vai manter-se em funções até 31 de dezembro -- sublinhou sempre que humildade -- palavra que Guterres também usa -- não deve ser confundida com falta de firmeza.

Mas, nos quase dez anos (só assumiria funções em 2007) que Ban Ki-moon passou à frente da organização, pouco de significativo mudou no sistema interno das Nações Unidas, apesar das contínuas promessas de reformas, segundo os críticos, meramente "cosméticas".

A verdade é que muito ficou por fazer, desde logo face ao conflito na Síria. Quando Ban assumiu o cargo, a The Economist listou os maiores desafios que o esperavam: receios nucleares na Coreia do Norte e no Irão (neste caso, um acordo histórico acabaria por ser assinado em 2015); a situação no Darfur (que desapareceu da agenda); a violência no Médio Oriente; as alterações climáticas, o terrorismo; a proliferação de armas de destruição em massa; a disseminação do vírus HIV/sida; e as reformas da própria ONU.

Durante a campanha, Ban comprometeu-se também a aumentar o número de mulheres em cargos de topo -- o que, segundo a página oficial das Nações Unidas, aconteceu para "o nível mais alto da história da organização".

Em 2006, os quatro programas relacionados com igualdade de género fundiram-se na ONU Mulheres (UN Women) e foi criada uma representante especial para a violência sexual em cenários de conflito.

Escolhido para liderar uma organização em crise, de confiança e recursos, com nove mil funcionários e um orçamento anual de cinco mil milhões de dólares, Ban foi acusado de "nepotismo, favoritismo e clientelismo" na nomeação para altos cargos.

O The Washington Post chegou a citar "funcionários e delegados das Nações Unidas" que criticavam o aumento em 20 por cento da presença de sul-coreanos dentro da organização, no primeiro ano de mandato.

Já o Movimento dos Não-Alinhados e o Grupo dos 77 (países em desenvolvimento) criticaram Ban por "acomodar os interesses dos Estados Unidos e os desejos das nações mais ricas".

Em 2013, o sindicato das Nações Unidas acusou Ban de o impedir de negociar em nome dos trabalhadores, violando o direito humano à negociação coletiva.

Mas foi a (não) reação da equipa de Ban aos casos de proliferação da epidemia de cólera no Haiti -- cujo foco foi localizado no campo dos capacetes azuis nepaleses mobilizados no país, que não tinha episódios de cólera há mais de um século, mas que se viu a braços com mais de nove mil mortos e um em cada 20 haitianos infetado -- e dos abusos sexuais de menores por capacetes azuis na República Centro-Africana que geraram maior indignação pública.

Apesar disto, Ban pode orgulhar-se de algumas vitórias, entre as quais o resultado de ter feito do combate às alterações climáticas uma prioridade, consumada com a assinatura dos Acordos de Paris -- que o próprio Ban classificou como a sua maior conquista.

Para o diplomata discreto, nunca seria fácil suceder ao perfil destacado do seu antecessor, o ganês Kofi Annan, mas o oitavo secretário-geral das Nações Unidas levou para o cargo 37 anos de experiência na Coreia do Sul, nomeadamente como ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio (onde ganhou a alcunha de "jusa", que significa "o burocrata"), e na cena internacional, concretamente à frente da missão sul-coreana nas Nações Unidas.

"Lealdade, discrição e consciência foram as qualidades que escolheu exercer quando assumiu o cargo. E não foram apenas palavras, pois, nos últimos anos, guiaram verdadeiramente o seu trabalho", considerou o presidente da Assembleia Geral, Joseph Deiss, quando Ban foi reeleito

Nascido a 13 de junho de 1944, casado e com três filhos, Ban surge agora como provável candidato à Presidência da Coreia do Sul, onde goza de grande popularidade.

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