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"Falta de liderança" dos mais ricos vai agravar crise de refugiados

A Amnistia Internacional alerta que a atual crise de refugiados se vai agravar devido ao comportamento dos países mais ricos, marcado por "egoísmo" e "falta de liderança e responsabilização".

"Falta de liderança" dos mais ricos vai agravar crise de refugiados
Notícias ao Minuto

10:58 - 04/10/16 por Lusa

Mundo Amnistia Internacional

No relatório "Tackling the global refugee crisis: From shirking to sharing responsibility" ("Lidando com a crise de refugiados global: da fuga à partilha de responsabilidade"), divulgado hoje, a organização de direitos humanos documenta a "situação precária dos 21 milhões de refugiados do mundo".

Face ao atual cenário, a Amnistia não tem dúvidas: "Os países mais ricos demonstraram uma total falta de liderança e responsabilização ao deixarem que apenas dez países, que representam menos de 2,5 por cento do Produto Interno Bruto mundial, assumissem 56 por cento dos refugiados de todo o mundo."

O secretário-geral da Amnistia, Salil Shetty, repete a ideia, ao lembrar que "um pequeno número de países está a fazer demasiado, apenas porque são vizinhos da crise" -- como são os casos de Jordânia e Líbano, que acolheram milhares de refugiados sírios.

"Essa situação é insustentável e expõe milhões de pessoas que fogem da guerra e da perseguição em países como Síria, Sudão do Sul, Afeganistão e Iraque a uma miséria e um sofrimento intoleráveis", sublinhou.

"Os líderes mundiais falharam completamente no compromisso de adotar um plano para proteger os 21 milhões de refugiados do mundo", critica.

O ativista insta os líderes mundiais a iniciarem "um debate sério e construtivo", que justifique "como é que o mundo pode financiar bancos, desenvolver novas tecnologias e travar guerras, mas não consegue encontrar abrigos seguros para 21 milhões de refugiados, que representam apenas 0,3 por cento da população mundial".

Para alterar a situação, a Amnistia defende um sistema de partilha baseado em critérios como a riqueza, a população e os níveis de desemprego dos países de acolhimento.

Esse sistema corrigiria situações como esta. Desde 2011, o Reino Unido acolheu cerca de oito mil sírios, enquanto a Jordânia, com dez vezes menos população e 1,2 por cento do PIB dos britânicos, alberga já mais de 655 mil refugiados daquele país vizinho.

E a Amnistia prossegue com os exemplos, recordando o fardo que pesa sobre o Líbano, outro país vizinho da Síria, enquanto nações desenvolvidas como Nova Zelândia e Irlanda acolheram números irrisórios de refugiados.

A Amnistia dá o Canadá, que recolocou 30 mil refugiados sírios desde novembro do ano passado, como bom exemplo de "liderança e visão".

Em resumo, o relatório conclui que "os países ricos podem assumir uma fatia mais justa" de refugiados. "O problema não é o número global de refugiados, é que muitas das nações mais ricas acolhem poucos e fazem pouco", frisa Salil Shetty, sustetando que a atual crise é "gerível", se houver "vontade política" para a gerir.

A publicação do relatório -- no qual é feita uma avaliação abrangente da crise global de refugiados e das políticas e medidas mundiais -- marca também o arranque oficial da nova campanha global e bienal da Amnistia Internacional, denominada "I welcome/Eu acolho".

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