UE apela a "sentido de compromisso" de políticos moçambicanos
O representante da União Europeia em Moçambique apelou hoje ao "sentido de compromisso" dos atores políticos moçambicanos, considerando que as "soluções militares para conflitos políticos não são uma alternativa sustentável".
© Lusa
Mundo Conflito
Num artigo de opinião divulgado hoje pela representação da União Europeia (UE) em Maputo, a que a Lusa teve acesso, o embaixador Sven Kühn von Burgsdorff sustenta que os países com passados marcados por "longos e dolorosos conflitos internos" precisam de "rejeitar o legado de violência e política confrontacional" se quiserem "alcançar a reconciliação nacional".
A propósito do 24.º aniversário do Acordo de Paz de Roma, assinado a 4 de outubro de 1992, pondo fim a uma guerra de 15 anos entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no governo de Moçambique) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, na oposição), o diplomata europeu recorda "duas décadas de estabilidade, introdução da democracia multipartidária e um crescimento económico impressionante".
E defende que "o Dia da Paz e Reconciliação é uma oportunidade ideal para repensar o futuro de Moçambique como um projeto político, económico e social compartilhado".
Reconhecendo que existem "divergências persistentes na sociedade moçambicana", o embaixador da UE lembra que o Acordo de Paz de Roma é "um excelente exemplo do que pode ser alcançado quando as partes estão verdadeiramente empenhadas em alcançar um acordo político" e também "um lembrete de que o teste decisivo de qualquer acordo político, em última análise, é a sua aplicação efetiva".
Burgsdorff refere que "há quem defenda que a reconciliação nacional ainda é um assunto por resolver" em Moçambique "e que a falta de confiança entre os partidos políticos e a falta de confiança no sistema político, incluindo no Estado de Direito, são ainda desafios chave para o país".
Perante tal cenário, o diplomata apela a "todos os atores políticos " que "continuem a dar resposta" àqueles desafios "com coragem e determinação", frisando que "um sistema sem exclusão é a razão de ser da democracia".
Para o representante europeu, soluções militares "só irão aumentar as divisões no seio da sociedade" e "inevitavelmente resultar no sofrimento da população".
Na opinião de Burgsdorff, um cessar-fogo entre governo e Renamo "iria não só fornecer uma base mais sólida para as negociações em curso continuarem com sucesso - mas também enviar um sinal ao povo de Moçambique e ao mundo que as partes estão seriamente interessadas em chegar a um acordo político o mais rapidamente possível".
O embaixador clarifica: "Eu não tenho nenhuma dúvida de que todos os moçambicanos concordam que o próximo passo é parar com a luta e declarar a cessação das hostilidades."
As negociações de paz em Moçambique, mediadas pela comunidade internacional, foram de novo suspensas na sexta-feira, até 10 outubro, para que o partido no poder há mais de 40 anos e a Renamo analisem os pontos constantes da agenda.
A Renamo reivindica vitória nas eleições gerais de 2014 em seis províncias do Centro e Norte do país, acusando a Frelimo de fraude eleitoral.
Apesar da relativa calma dos últimos dias, a região Centro tem sido palco de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.
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