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Brasil vai a eleições municipais em clima de violência

Os brasileiros votam, no domingo, na primeira volta das eleições municipais, num clima de violência, com dezenas de assassinatos de candidatos, e de desgaste para o Partido dos Trabalhadores (PT), que digere várias crises.

Brasil vai a eleições municipais em clima de violência
Notícias ao Minuto

13:56 - 30/09/16 por Lusa

Mundo Sufrágio

Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ocorreram, pelo menos, 20 homicídios contra candidatos até agosto.

Porém, nos últimos dias houve novos casos que chocaram o país, como a morte do presidente da Escola de Samba Portela, Marcos Vieira Souza, candidato a vereador no Rio de Janeiro.

Na quarta-feira, o governador de Goiás em exercício, José Eliton de Figuerêdo Júnior, e o candidato à autarquia de Itumbiara, no sul do Estado, José Gomes da Rocha, foram baleados num atentado, durante uma passeata de carros, e o último não resistiu aos ferimentos, bem como um polícia que os acompanhava.

Na quinta-feira, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, mostrou-se preocupado e alertou que, no Rio de Janeiro, onde ocorreram grande parte dos assassinatos, a violência parece estar associada a disputas ligadas ao crime organizados (milícias e narcotráfico).

Para garantir a segurança durante o ato eleitoral e prestar apoio logístico, foram destacados 25 mil militares para 408 localidades.

O resultado do escrutínio servirá também para medir o desgaste do PT, que governou o Brasil por 13 anos, primeiro com Luiz Inácio Lula da Silva e depois por Dilma Rousseff, que foi destituída do cargo, por irregularidades orçamentais, a 31 de agosto, num processo polémico.

Mais do que a impopularidade de Dilma Rousseff, que se traduziu em megamanifestações e que também pesou no seu afastamento, o PT sofre com sucessivos escândalos na justiça, a começar pelo seu histórico líder, Lula da Silva, arguido em dois processos na Operação Lava Jato.

Nos últimos dias, dois ex-ministros do PT, António Palocci e Guido Mantega, foram detidos, cerca de três meses depois da detenção de Paulo Bernardo, outro ex-governante ligado ao PT, partido que tem comentado os casos falando em perseguição política.

A Operação Lava Jato, sobre um mega-esquema de corrupção na Petrobras que envolve dezenas de políticos, tem afetado sobretudo o PT, mas também outros partidos - como o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do Presidente Michel Temer - que também poderão sentir os efeitos da investigação neste ato eleitoral.

A enorme derrota que o PT deverá ter pela frente, à luz das pesquisas de intenção de voto, obrigará o partido - que já decidiu antecipar as eleições para a direção - a mudar de estratégia até às presidenciais de 2018.

O ato eleitoral servirá igualmente de termómetro político para outros partidos, após um ano intenso no Brasil, com várias fases da Lava Jato e o longo processo de afastamento de Dilma Rousseff, para além dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro que desviaram as atenções.

Este ato eleitoral também tem sofrido por novas regras eleitorais, que impedem o financiamento empresarial, afetando as campanhas, e a redução do tempo de propaganda na rádio e na televisão, o que pode ter contribuído para um clima pré-eleitoral de desinteresse.

Concorrem nestas eleições 496.896 candidatos a vereador, presidente e vice-presidente de câmara de 35 partidos concorrem em 5.568 municipios, segundo dados do TSE.

Num país onde é obrigatório votar, 144 milhões de brasileiros poderão deixar-se levar por candidatos pouco comuns, como aconteceu em 2010, quando o cantor e humorista Tiririca conquistou 1,3 milhões de votos e o cargo de deputado federal.

Entre os candidatos, há bispos, pastores evangélicos, a filha de um traficante e até o palhaço Atchim e o Pikachu, candidato que aproveita a febre do jogo "Pokémon Go".

Há ainda vários candidatos com problemas na justiça. Segundo um levantamento do Congresso em Foco, só entre os 81 deputados - que respondem em processos no Supremo Tribunal Federal (STF), onde são julgados políticos com foro privilegiado - que concorrem às câmaras, 19 são alvos de inquéritos ou ações penais.

A segunda volta terá lugar a 30 de outubro apenas nos municípios com mais de 200 mil eleitores em que nenhum dos candidatos consiga a maioria absoluta (50% mais um), sendo disputada entre os dois mais votados.

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