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Talibãs voltam a ser uma ameaça real, 20 anos depois da queda de Cabul

O primeiro comandante da Força Internacional no Afeganistão considera que - 20 anos depois de terem tomado Cabul - os talibãs voltaram a ser uma ameaça, porque o Ocidente está a cortar a ajuda ao governo afegão.

Talibãs voltam a ser uma ameaça real, 20 anos depois da queda de Cabul
Notícias ao Minuto

14:35 - 26/09/16 por Lusa

Mundo Comandante

Na quarta-feira cumpre-se 20 anos da tomada de Cabul pelos talibãs, uma vitória que deu início a cinco anos de dominio do grupo fundamentalista sobre a capital afegã e grande parte do resto país. O regime talibã chegou ao fim em 2001, quando - na sequência dos atentados terroristas de 11 de setembro -- os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, convencidos de que grande parte do aparelho da Al-Qaida operava a partir do país.

O general britânico John McColl foi o primeiro -- em finais de 2001 - a assumir o comando da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) no Afeganistão, mandatada pelas Nações Unidas para proteger o governo afegão interino do Presidente Hamid Karzai, saído da Conferência de Bona.

Em entrevista à agência Lusa, o homem que ajudou a pacificar uma Cabul reconquistada aos talibãs diz que a comunidade internacional está a negligenciar no apoio ao governo afegão, o que pode fazer repetir a história.

"A não ser que dediquemos recursos suficientes ao Afeganistão, os talibãs vão tomar controlo de extensas partes do país [especialmente no sul]. E quando tomarem essas extensas partes do país, outras organizações extremistas vão -outra vez - começar a implantar-se. Já começámos a ver o Estado Islâmico a desenvolver as suas capacidades naquela parte do Mundo. Quando começarem a fazer isso, então haverá grandes probabilidades de o Afeganistão se tornar, uma vez mais, uma rampa de lançamento para o terrorismo expedicionário que vimos no 11 de setembro [de 2001]", declarou à Lusa o general John McColl.

Para começar, o general John McColl considera "inadequada" a Operação Resolute Support, a missão da NATO destinada a apoiar as forças de segurança afegãs na pacificação do país.

"A Resolute Support, a operação da NATO para apoiar as forças de segurança afegãs (ANSF) -- no seguimento do fim das operações de combate - é inadequada. Já o era quando começou [janeiro de 2015], tem sido inadequada desde então, pelo que os seus resultados eram absolutamente previsíveis", considerou o general, para quem a ANSF precisa de "apoio aéreo, logístico e evacuação médica, bem como apoio para o treino e para o planeamento de operações".

Para John McColl, os países ocidentais estão a repetir no Afeganistão os erros do passado, faltando-lhes perseverança para levar do início ao fim uma operação num país de alta importância estratégica. E diz mesmo que o problema do Ocidente é de falta de liderança.

"O problema deste tipo de operações que envolvem a reconstrução de países que, na prática, foram desmantelados, é a longa demora. Ou seja, é preciso paciência estratégica e a aplicação de recursos internacionais significativos", disse o general.

"E eu lamento que o Ocidente, em particular, pareça não ter a liderança e a clarividência estratégica para ter essa paciência", completou.

Atualmente governador da ilha britânica de Jersey, no canal da Mancha, John McColl recorda que os países da NATO que contribuíram para esta missão desde 2001 -- nos quais se inclui Portugal -- derramaram muito sangue para estabilizar o Afeganistão.

"Investimos muito sangue e dinheiro no Afeganistão na última década e meia e receio que, caso não invertamos a tendência de desmobilização e apoio inadequado, esse investimento seja desbaratado", concluiu.

Em resumo, vinte anos depois de terem tomado Cabul, os talibãs voltam voltar a ser uma ameaça real.

"É uma ameaça não apenas para a região - apesar de o ser, e significativa - mas uma ameaça para todo o Mundo", realça o general.

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