Rússia admite que seja retomado cessar-fogo na Síria
O embaixador russo nas Nações Unidas afirmou hoje que há grupos extremistas em Alepo, Síria, que usam civis como escudos humanos, e admitiu que seja retomado o cessar-fogo, desde que isso não represente um esforço isolado de Moscovo.
© Lusa
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Numa intervenção na reunião do Conselho de Segurança convocada de urgência para discutir a escalada de violência na Síria, Vitaly Churkin, afirmou que no leste de Alepo -- zona particularmente fustigada pelos intensos ataques aéreos dos últimos dias -- há "muitos grupos rebeldes", entre os quais a Frente da Conquista do Levante (antiga Frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaida).
"A Al-Nosra é a principal força que se encontra ali", disse o diplomata russo, e assegurou que este grupo radical é responsável pela "matança em massa de civis" que tentam abandonar a zona oriental da cidade síria.
Os civis, acrescentou, "são um escudo humano para eles".
A Rússia rejeitou qualquer responsabilidade no impasse da coligação internacional comandada pelos Estados Unidos, referindo que "centenas de grupos foram armados e o país tem sido bombardeado sem discernimento".
"Nestas condições, garantir a paz agora é uma tarefa quase impossível", considerou.
O embaixador não fechou a porta, no entanto, a uma restauração da trégua, que vigorou até ao início da semana passada, após um acordo entre Washington e Moscovo em Genebra.
"Esse é o objetivo que gostaríamos de alcançar, assim como a retomada das negociações", disse Churkin, que deixou uma condição: a de que este deve ser um esforço coletivo e não partir apenas da Rússia.
Antes da sua intervenção, a sua homóloga norte-americana, Samantha Power, denunciara que aviões militares russos e sírios lançaram nos últimos três dias pelo menos 158 ataques aéreos contra a zona leste de Alepo, numa ofensiva "sem precedentes", causando pelo menos 139 mortos e centenas de feridos.
"A Rússia tem o poder para parar este sofrimento. (...) Não haverá paz na Síria se a Rússia prosseguir com esta guerra", afirmou a embaixadora dos Estados Unidos, numa referência ao apoio militar e político que Moscovo tem prestado ao regime de Bashar al-Assad.
A diplomata acrescentou que, de acordo com testemunhos recolhidos na zona flagelada pelos ataques, que está sob o controlo dos rebeldes sírios, trata-se de uma ofensiva militar por ar e por terra "sem precedentes quer em quantidade quer em qualidade".
Power acusou a Rússia de "abusar do privilégio" de ser um dos cinco países com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para travar ações mais firmes contra o regime sírio pela "matança" que se verifica na Síria.
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