MpD assume "responsabilidades acrescidas" após vitória autárquica
O Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, assumiu hoje que terá "responsabilidades acrescidas" após conquistar 18 das 22 câmaras municipais nas eleições autárquicas de domingo no país.
© Lusa
Mundo Cabo Verde
"Perante os resultados obtidos, a Comissão Política reconhece que o MpD passa a ter responsabilidades acrescidas na condução dos destinos do país e reafirma os princípios e valores que norteiam o partido", disse, em conferência de imprensa, Rui Figueiredo, coordenador nacional das autárquicas do Movimento para a Democracia (MpD).
Rui Figueiredo falava à imprensa para dar a conhecer os resultados da reunião de quarta-feira da Comissão Política Nacional do MpD, partido que venceu domingo as eleições autárquicas no país, ao conquistar o poder em 18 das 22 câmaras municipais, mais quatro do que tinha antes.
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), maior partido da oposição, conquistou o poder em duas câmaras, menos seis do que detinha anteriormente, enquanto dois grupos independentes venceram na Boavista e na Ribeira Brava de São Nicolau.
Relativamente à Boavista e Ribeira Brava, onde dois dissidentes do partido se candidataram de forma independente e foram vencedores, Rui Figueiredo disse que foram "elementos próprios de democracia", que considera funcionou nesses dois municípios.
O coordenador referiu que a Comissão Política do MpD escolheu os seus 22 candidatos e quatro não saíram vencedores, mas disse que o partido encara os resultados "com toda a naturalidade e com espírito democrático".
Rui Figueiredo salientou que a relação do MpD com as duas câmaras lideradas por independentes será "saudável" e disse que deve-se respeitar as vozes da sociedade civil.
"Temos aqui duas situações em que a sociedade civil falou, com dissidentes saídos da área do MpD, mas com pessoas que deram corpo às suas candidaturas, aos seus projetos. Vamos respeitar escrupulosamente e relacionar como com todas as outras câmaras", afirmou.
Por isso, Rui Figueiredo disse que a Comissão Política exorta o Governo, suportado pelo MpD, a tratar todas as câmaras "de forma igual" e respeitando as escolhas feitas pelos eleitores.
Também exortou o executivo liderado poe Ulisses Correia e Silva a transferir mais meios financeiros aos municípios, a se empenhar para a descentralização de atribuições e a capacitar os eleitos e técnicos municipais.
O coordenador autárquico do MpD comentou ainda as queixas que o PAICV anunciou que vai apresentar em alguns municípios, dizendo que qualquer conflito deve ser dirimido nos Tribunais, mas salientou que são "resultados inequívocos" para o seu partido.
Quanto à abstenção, que ronda os 42%, Rui Figueiredo disse que terá a ver com o facto de ser o ano de todas as eleições no país (legislativas, autárquicas e presidenciais) e também por as autárquicas acontecerem num período de férias e de grande mobilidade no país.
Entretanto, disse que a abstenção, a terceira maior taxa em sete eleições autárquicas no país, deve ser analisada por todos os partidos políticos e que merece um estudo apurado, com elementos técnicos e científicos, para saber o que realmente fez com que cerca de 130 mil eleitores cabo-verdianos não fossem às urnas.
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