Presidente iraniano apela a muçulmanos para punirem Arábia Saudida
O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, apelou hoje a que os países muçulmanos se unam e "punam" a Arábia Saudita pelos seus "crimes" em afirmações de uma violência sem precedentes contra este país desde há mais de duas décadas.
© Reuters
Mundo Hassan Rohani
"Os países da região e do mundo islâmico devem coordenar as suas ações para resolver os problemas e punir o Governo saudita", declarou Rouhani durante um conselho de ministros, de acordo com a agência estatal Irna, citada pela France Presse.
"Se o problema com o Governo saudita se limitasse ao hajj [peregrinação anual à cidade santa de Meca, na Arábia Saudita], talvez pudéssemos encontrar uma solução. Mas infelizmente este Governo, com os crimes que comete na região e com o seu apoio ao terrorismo, derrama o sangue dos muçulmanos no Iraque, na Síria, no Iémen, onde diariamente bombardeia de forma selvagem mulheres e crianças iemenitas", acrescentou.
Rouhani defendeu então que os países muçulmanos devem coordenar as suas ações para que "o hajj se realize" normalmente e para que "os países da região se livrem do apoio deste regime ao terrorismo e que o povo iemenita possa viver em paz e segurança".
Esta guerra de palavras entre o Irão e a Arábia Saudita acontece a poucos dias do início da peregrinação anual a Meca, que começa no próximo sábado.
O Irão e a Arábia Saudita enfrentam-se desde há anos numa guerra de influência nos conflitos regionais, nomeadamente no Iémen e na Síria.
As relações entre os dois países degradaram-se significativamente desde os desacatos e desordem gigantescos durante o hajj do ano passado, em que cerca de 2.300 peregrinos, entre os quais 464 iranianos, morreram, de acordo com dados compilados a partir de balanços fornecidos por mais de 30 países.
Num encontro hoje com familiares das vítimas iranianas no hajj do ano passado, também o guia supremo iraniano, ayatollah Ali Khamenei, reiterou as críticas feitas no seu "site" oficial na passada segunda-feira, considerando que a família "amaldiçoada e diabólica" no poder na Arábia Saudita não merece gerir os locais santos do islão.
"O falhanço e incompetência neste incidente prova mais uma vez que esta família amaldiçoada e diabólica não merece ser responsável e gerir os locais sagrados", afirmou Khamenei, de acordo com afirmações transcritas, mais uma vez, no seu portal oficial na internet.
Khamenei acusou também o Governo saudita de estar a atuar na região com o apoio dos Estados Unidos para "derramar sangue no Iémen, Síria, Iraque e Bahrein" e "por isso, a América e outros apoiantes de Riade são cúmplices dos crimes e atrocidades sauditas".
O Irão e a Arábia Saudita não conseguiram este ano chegar a acordo sobre a deslocação de iranianos em peregrinação a Meca, sendo este ano o primeiro desde há quase três décadas em que os iranianos não participam num evento que o islão determina que seja realizado, pelo menos, uma vez na vida.
O Irão "nunca perdoará o sangue derramado dos seus mártires mortos no hajj", afirmou Rouhani.
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