Esta foi a primeira declaração de Ping desde a proclamação da vitória nas eleições presidenciais do Presidente cessante, Ali Bongo.

"O mundo inteiro conhece quem é o Presidente da República: sou eu", disse Ping, durante uma conferência de imprensa no seu domicílio, em Libreville.

"Enquanto Presidente eleito, estou naturalmente muito preocupado com a situação no nosso país, que evolui para um caos generalizado. Assim, apelo à responsabilidade de todos, para que o país reencontre o caminho do apaziguamento", afirmou, para acrescentar: "Sei que o apaziguamento não pode acontecer sem que a verdade das urnas (...) seja restabelecida e respeitada na base da recontagem dos votos, mesa de voto a mesa de voto, como nós desejamos".

Recordou que esta era uma exigência formulada pelo "Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana, a rança e os EUA".

O poder gabonês recusa categoricamente esta recontagem, invocando a lei eleitoral do país, que não prevê este procedimento.

De forma muito solene, Jean Ping exprimia-se perante os seus apoiantes e líderes da oposição recém-libertados.

Uma vintena destes estavam retidos pelas forças de segurança na sede da campanha de Jean Ping desde a manhã de quinta-feira, a qual foi entretanto tomada de assalto. No seu interior, a AFP constatou impactos de bala e sinais de sangue.

Depois de mais de 36 horas e uma intervenção da França, as autoridades gabonesa acabaram por autorizar estes líderes da oposição, entre os quais um antigo vice-Presidente e dois antigos ministros, a saírem na noite de sexta-feira. De imediato, deslocaram-se para casa de Jean Ping.

Este último agradeceu "solenemente aos amigos de sempre, no exterior, como no interior do Gabão, pelo seu apoio ao reforço da democracia no país".

Os gaboneses votaram em 27 de agosto para eleger o seu Presidente, durante um escrutínio com uma volta. Na quarta-feira, ao fim do dia, a comissão eleitoral deu a vitória ao chefe de Estado cessante, Ali Bongo Ondimba, com 49,80% dos votos, à frente do seu adversário Jean Ping (48,23%), que contesta os resultados e reivindica a vitória.

Desde o anúncio dos resultados eleitorais que o país é palco de vários confrontos, que já provocaram pelo menos cinco mortes.