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Yes We Camp: Um parque de campismo solidário em pleno centro de Paris

Um antigo hospital no centro de Paris acolhe uma iniciativa da associação Yes We Camp, que é a criação de um parque de campismo solidária com capacidade para abrigar 110 pessoas.

Yes We Camp: Um parque de campismo solidário em pleno centro de Paris
Notícias ao Minuto

08:51 - 21/08/16 por Lusa

Mundo França

O parque de campismo tem capacidade para abrigar 110 pessoas em tendas, cabanas ou camas de rede, ao lado de centros de alojamento temporário e de espaços para artistas.

O objetivo foi criar "um alojamento barato para turistas e até para parisienses e, ao mesmo tempo, criar uma justaposição social, fazendo coabitar diferentes públicos para criar intercâmbios", disse à Lusa Julien Vever, coordenador do projeto Yes We Camp.

Os preços variam entre os oito euros para as camas de rede, 22 euros para as tendas de duas pessoas e 50 euros para uma cabana com capacidade para quatro pessoas, havendo gostos para tudo, desde uma cabana com inspiração na Polinésia, outra com uma mini varanda assente em quatro pilares de madeira, outra inspirada num farol e uma sobre rodas.

Uma solução "barata e solidária" para Emmanuelle Roux e as suas três filhas que vivem em Aix-en-Provence, no sul de França, e decidiram passar o fim de semana em Paris para "descobrir os bairros da 'street art'" da capital francesa.

"Adoro este lugar. É um lugar cidadão, de partilha, solidário. É algo único em Paris, onde se pode conhecer artistas, beber um copo e assistir a bailes. Nem sequer parece que estamos em Paris!", comentou a professora primária de 41 anos.

De mais longe veio Naomi Yamahachi, uma argentina de Mar del Plata, que está a passar um mês de "férias" em França e decidiu ficar uma semana em Paris, estando alojada nas tendas da Yes We Camp em troca de umas horas de trabalho, depois de se ter inscrito na plataforma internacional de trabalho voluntário HelpX.

"Trabalho cinco horas por dia e em troca dão-me alojamento e comida. Assim posso viajar, é mais barato e posso visitar Paris e aprender a falar bem francês", explicou a estudante em gestão do ambiente de 21 anos.

Por trás da linha de cabanas e de tendas, está a Fundação Cartier de arte contemporânea, em harmonia com a decoração do parque, por entre chuveiros suspensos em guarda-chuvas, uma máquina de lavar roupa que funciona a pedal e vários espaços do antigo hospital reabilitados como a sala de banhos de vapor russa, outra de yoga e 'qi-gong', várias hortas, um galinheiro e um espaço para colmeias.

O parque de campismo inscreve-se num projeto mais vasto de solidariedade e ocupação temporária chamado 'Les Grands Voisins', lançado em outubro do ano passado, que consistiu em ocupar os mais de três hectares de terreno do hospital abandonado com centros de alojamento temporário, associações, ateliês de artistas e até pequenas empresas.

"Há 600 pessoas que moram aqui em centros de alojamento e há cerca de 130 estruturas que empregam 400 pessoas, desde empreendedores a associações e artistas. Depois temos o parque de campismo. Todo este espaço é aberto ao público cinco dias por semana. Ou seja, há mais de mil pessoas que coabitam neste lugar", explicou Florie Gaillard, responsável de comunicação do projeto 'Les Grands Voisins'.

Entre as pessoas em reinserção social e alojadas por um centro de acolhimento está José Monteiro, natural de Castro Daire, no distrito de Viseu, e em França desde os 14 anos, que perdeu o seu apartamento quando foi obrigado a parar de trabalhar devido a um acidente de trabalho, sem estar devidamente assegurado pelo empregador português.

"Faço mesas, reparo cadeiras e um dia por semana sirvo a comida no bar. Às vezes sou eu que cozinho, como um dia antes de Portugal ser campeão da Europa em que fiz bacalhau à Brás. No fim do trabalho é uma festa, quase todos os dias há música. Esta noite há sardinhas assadas e estou a tentar organizar uma 'soirée de fado' para setembro ou outubro", contou o português.

A noite de fados será na "sala de festas" do café 'La Lingerie', o núcleo desta "pequena aldeia na cidade", decorado com tapetes no teto e um candeeiro feito de pipetas, tubos de ensaio e balões volumétricos, a sugerir um universo de novas experiências à imagem do projeto de ocupação temporária do antigo hospital que, no próximo ano, vai dar lugar a um bairro ecológico municipal.

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