Meteorologia

  • 28 MARçO 2024
Tempo
13º
MIN 11º MÁX 17º

"Não estamos a esconder bombas debaixo do burkini"

O burkini provocou controvérsia em França, mas na Austrália onde a cultura da praia é uma obsessão nacional, é visto como um símbolo de inclusão, disse Aheda Zanetti, a estilista que desenhou o traje.

"Não estamos a esconder bombas debaixo do burkini"
Notícias ao Minuto

08:33 - 20/08/16 por Lusa

Mundo Criadora

Leve, de secagem rápida, composto por duas peças que cobrem o corpo e o cabelo, o burkini foi proibido por vários autarcas franceses nas últimas semanas, após os ataques mortais ligados ao extremismo islâmico.

Na Austrália, onde se tentam minimizar o sentimento antimuçulmano na sequência de uma série de ataques por jovens radicalizados, o burkini não atraiu fortes críticas, já que é comum as pessoas cobrirem-se nas praias para proteger a pele do sol.

Naquele país, o traje é visto como algo que permite às mulheres participar na vida ao ar livre, parte da cultura nacional.

Quando a australiana-libanesa Aheda Zanetti, 48 anos, estava há mais de uma década na sua sala em casa, Sidnei, a desenhar o fato, pensava em como podia ajudar as mulheres e jovens a praticar desporto, respeitando a sua fé muçulmana.

"A Austrália tem um estilo de vida de praia, surf e atividades desportivas ao sol e quando era mais pequena não consegui participar numa série daquelas atividades", disse a estilista, acrescentando que teve a ideia quando viu a sobrinha a jogar netball (jogo derivado do basquetebol, mas só jogado por mulheres).

"Não queria que ninguém deixasse de fazer qualquer tipo daquelas atividades por causa das nossas restrições de modéstia", salientou.

Zanetti abriu a sua primeira loja em Sidnei em 2005.

Desde então, já vendeu mais de 700.000 peças de burkini, num negócio milionário, que exporta para o Barém, Reino Unido, África do Sul e Suíça.

O burkini ganhou destaque nacional, após motins numa praia de Sidnei, em dezembro de 2005, quando houve um ataca contra árabes-australianos.

A violência chocou os australianos com os salva-vidas australianos a contratarem muçulmanos para vigiarem as praias e a pedirem a Zanetti para criar um burkini com as cores vermelho e amarelo.

"Eles (os políticos franceses) estão a dar uma má conotação à palavra burkini. É uma palavra que criei que se adapta a um produto que faço. Não estamos a esconder bombas debaixo dele, nem vamos criar terroristas com ele", afirmou a empresária.

A estilista sublinha que aquilo é apenas uma peça de roupa para ser utilizada em algumas circunstâncias e que, "se é que interesse, ainda usam biquínis por baixo".

MSE // VC

Noticias Ao Minuto/Lusa

Recomendados para si

;
Campo obrigatório