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Clérigo muçulmano de Marrocos condena "nudez obscena" no país

Um dos mais altos dignitários muçulmanos de Marrocos condenou a "nudez obscena" que diz ter invadido "tanto no inverno como no verão" as cidades marroquinas, numa mensagem nas redes sociais reproduzida pela imprensa local.

Clérigo muçulmano de Marrocos condena "nudez obscena" no país
Notícias ao Minuto

20:55 - 18/08/16 por Lusa

Mundo Polémica

"A nudez já não é uma questão de estação, ela está espalhada diante dos nossos olhos tanto de inverno como de verão", declarou Omar al-Kazabri, imã da mesquita Hassan II, em Casablanca, a maior mesquita do país.

"Observem as nossas ruas. Parte o coração ver a situação em que nos encontramos, a nudez obscena, a estranha afronta aos mandamentos de Deus, uma provocação e um insulto à população", acusou o imã na mensagem publicada na sua página do Facebook.

"Mulheres jovens, desnudadas, fumando cigarros. Onde estão os seus guardiães? Raparigas nuas, rapazes perdidos, caídos nas teias da sedução. Todos eles são vítimas de uma conspiração contra esta nação, uma conspiração cujos responsáveis quiseram matar o pudor, os valores, os princípios", defendeu Kazabri.

O clérigo, uma das principais figuras do Islão oficial marroquino, clamou contra os "ladrões de estrada que estão a semear a confusão" e que "combatem os defensores do pudor", acusando-os de não "respeitarem a liberdade daquela que escolheu o véu ou o niqab".

A longa declaração do imã, colocada 'online' no início da semana, foi reproduzida por diversos órgãos da imprensa local, alguns dos quais condenaram com veemência a sua posição.

"Que mosca é que lhe mordeu agora?", interrogava-se hoje o 'site' Média24, privado, enquanto o Telquel, outro 'site' privado, espantado com a "conceção bastante peculiar da nudez", considerava que esta "não foi a primeira saída infeliz" do imã.

"[Este discurso] é assustador e é ainda mais perigoso por ser tão audível e não o de um imã de uma mesquita de bairro", sublinhou o Média24, recordando que em Marrocos "o monopólio religioso é exercido sob a autoridade" do rei Mohamed VI.

Perante este frenesim mediático, Omar al-Kazabri publicou nova mensagem no Facebook, na qual lamenta "os ataques" de alguns órgãos de comunicação: "Não sou eu quem diz que os impudicos irão para o inferno, (...) eu não faço mais que repetir o 'Hadith' do nosso profeta".

O Islão é a religião oficial em Marrocos (cuja população é 99% muçulmana), onde ao soberano, figura tutelar de todos os muçulmanos do país, também tem o título de "Comandante dos Fiéis".

Exemplo de um Islão tolerante e moderado, Marrocos posiciona-se no mundo muçulmano como o elo forte da luta contra o 'jihadismo', em particular em África.

Muitas mulheres marroquinas vestem-se à ocidental e não usam véu, nos grandes centros urbanos.

A situação é bastante diferente nas zonas rurais, mais conservadoras, mas também varia de uma região para outra, ou em função da origem cultural e social.

O uso do véu - em particular à maneira mais severa do Médio Oriente - e do burkini (fato-de-banho islâmico) ou, pelo contrário, o uso de indumentária ocidental, com a qual se considera que as mulheres não estão vestidas, mas despidas, são regularmente alvo de polémica no país, onde os islamitas moderados do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD) estão no Governo desde as legislativas de 2011.

As controvérsias em torno dos costumes - aborto, sexualidade, prostituição, entre outras - são igualmente frequentes.

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