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Referendo: Brasil pede a países democráticos que pressionem Venezuela

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, defendeu hoje que todos os países democráticos devem pressionar a Venezuela exigindo a realização de um referendo revogatório do mandato do Presidente Nicolás Maduro o mais rapidamente possível.

Referendo: Brasil pede a países democráticos que pressionem Venezuela
Notícias ao Minuto

23:43 - 17/08/16 por Lusa

Mundo Ministro

"Todos os países democráticos do mundo devem pressionar o governo venezuelano para que ele realize, no prazo mais breve possível, esse referendo", afirmou, em declarações aos jornalistas no Palácio Itamaraty, em Brasília.

O chefe da diplomacia brasileira falava após uma reunião com o presidente da Comissão Permanente de Relações Exteriores, Soberania e Integração da Assembleia Nacional da Venezuela, o deputado Luís Florido, e com o coordenador político da Vontade Popular da Venezuela, Carlos Vecchio.

Frisando que hoje a vontade de realizar o referendo é "maioritária", o chefe da diplomacia brasileira alertou que o executivo de Nicolás Maduro quer "ganhar tempo", para poder adiar o referendo para 2017 e transformá-lo "numa farsa completa".

Nesse cenário, explicou, o Presidente poderá indicar o seu vice para o seu lugar, transformando o referendo numa "farsa completa".

Se o referendo se realizar até 10 de janeiro de 2017 deverão ser convocadas novas eleições presidenciais, segundo a legislação venezuelana.

Se o referendo for convocado depois de 10 de janeiro, o atual vice-Presidente da Venezuela, Aristóbulo Isturiz, assumirá os destinos do país até 2019, quando termina o atual mandato presidencial.

José Serra sublinhou que a Venezuela vive "sob um regime autoritário" e que os "presos políticos" estão em "condições opressivas" nas prisões.

O chefe da diplomacia brasileira apresentou ainda a disponibilidade do Brasil para ajudar a "reconstruir" a Venezuela, logo que "desfeito este governo autoritário e ressurgida a democracia".

O ministro referiu também que a oferta brasileira para enviar medicamentos para o povo venezuelano não foi aceite.

Falando num "país amigo" do Brasil, mas que hoje se encontra "sem rumo", o governante reiterou a "preocupação" de Brasília com as condições dos venezuelanos, com falta de medicamentos e alimentos.

Quanto às declarações do seu homólogo uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, que terá afirmado que o Brasil tentou "como que comprar o voto do Uruguai", oferecendo ajuda para levar o país nas suas negociações comerciais com outros países, José Serra disse que a "questão foi esclarecida" numa conversa telefónica entre os dois.

Recusando responder se houve um pedido de desculpas e entrar em detalhes, José Serra afirmou apenas que "houve um mal-entendido" e que "não há mais nenhum problema".

Em causa está a presidência rotativa do Mercado Comum do Sul (Mercosul) que estava nas mãos do Uruguai antes de, a 29 de julho, Caracas ter anunciado que o país estava a assumir a liderança do bloco, pela ordem imposta.

Brasil, Paraguai e Argentina têm contestado a postura venezuelana, alertando que o país ainda não cumpriu os pré-requisitos para a integração no bloco.

Em comunicado divulgado segunda-feira, a Venezuela rejeitou as acusações e acusou aqueles três Estados-membros de estarem a atentar contra a organização.

José Serras defendeu ainda uma "reforma do Mercosul".

Questionado pela agência Lusa sobre os efeitos deste impasse no Mercosul nas negociações para o acordo de livre comércio com a União Europeia, cujo calendário aponta para a implementação em 2017, José Serra respondeu que não tem "nenhuma implicação" e que o Mercosul continua a trabalhar.

"Queremos que a União Europeia trabalhe mais. O Mercosul está mais apressado do que a União Europeia nesse acordo", criticou.

Já o deputado Luís Florido agradeceu o apoio do Brasil e avisou que "os cidadãos que estão a morrer por falta de alimentos e medicamentos" querem uma "saída constitucional" que leve à "paz e à democracia" na Venezuela.

Também Carlos Vecchio mostrou gratidão ao Brasil por "negar a presidência" do Mercosul ao governo de Nicolás Maduro, que "viola os direitos humanos".

O opositor alertou que o governo venezuelano ao "autoproclamar-se" presidente do Mercosul "está refletindo" como "atua na Venezuela", frisando: "O Mercosul não pode ter um presidente ditador".

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