Ilha do Príncipe quer manter-se fora do turismo de massas
O presidente do governo regional da ilha do Príncipe, em Tomé e Príncipe, António José Cassandra, recusa transformar o território num destino turístico de massas, apesar dos apetites dos operadores internacionais.
© Lusa
Mundo José Cassandra
Atualmente com cem camas, o Príncipe é um alvo cada vez mais apetecível para o turismo internacional, depois de ter sido classificado como Reserva da Biosfera em 2012 e várias revistas da especialidade terem indicado a ilha como um dos últimos paraísos escondidos do mundo.
No entanto, António José Cassandra recusa euforias e afirma que os projetos do governo preveem somente equipamentos hoteleiros com 300 a 500 camas, recusando a massificação da oferta.
"Desenvolvimento sim, mas com muito equilíbrio para não destruirmos" a ilha, avisa António José Cassandra, salientando que aquilo que distingue o Príncipe são as características quase intocáveis da natureza.
"Se nós não tivermos maior qualidade na preservação da nossa densa e virgem floresta" e combater a "pressão que há sobre a floresta e sobre a extração das areias na praia", corre-se o risco de fragilizar o equilíbrio do ecossistema, o grande cartão de visita da ilha.
"Se perdermos isso, então acabou tudo", diz o responsável, salientando que os pontos turísticos já estão entregues a investidores internacionais "com consciência ambiental", cabendo agora promover a requalificação da capital, Santo António, e encontrar formas de criar emprego para os locais.
"É preciso continuarmos com o mesmo empenho e com o mesmo afinco e não perdermos o rumo que nós traçamos", afirma o dirigente, que elogia a paciência da população em relação aos projetos de desenvolvimento.
"É muito importante salientar que tudo isto se deve à colaboração das pessoas que vivem aqui no Príncipe, que compreenderam esta visão, que se apropriaram dela e estão a fazer a sua parte", diz.
Agora, o governo regional criou um gabinete de apoio à iniciativa privada, para financiar a fundo perdido "pequenas unidades de serviço, de restauração, produção pesqueira", que podem completar a oferta turística.
Exemplo disso são as casas de pasto, que "vão ser transformadas em restaurantes", disse.
O objetivo é "dar meios e instrumentos aos nossos cidadãos que já têm alguma iniciativa mas não têm meios" para investir, explicou.
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