Autoridades garantem que palancas protegidas não foram abatidas
As autoridades angolanas confirmam que foram encontradas mortas em Malanje palancas negras gigantes, espécie que só existe no país e que está em risco de extinção, mas rejeitaram que tenha sido por ação de caçadores furtivos.
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Mundo Angola
A posição foi assumida hoje, em comunicado enviado à Lusa pelo Instituto Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC), reagindo às recentes notícias da imprensa local dando conta de que oito palancas negras gigantes tinham sido abatidas por caçadores no Parque Nacional de Cangandala e na Reserva Integral do Luando.
De acordo com o mesmo comunicado, essa informação, que foi posteriormente divulgada por vários órgãos, "não condiz com a verdade", com o INBAC a afirmar que "as cabeças de palanca encontradas mortas", num "total de cinco", resultaram "de diversas causas, com realce para a morte por velhice, tendo sido decompostas ao longo do tempo".
Angola está a fazer o levantamento do número de palancas negras gigantes, mas o cenário é tido como negativo, com pouco menos de duas centenas de exemplares, sendo o único país onde é possível encontrar este antílope, alvo de caçadores furtivos.
Uma reportagem realizada localmente pela Rádio Nacional de Angola e emitida a 11 de agosto dava conta de que "oito palancas negras gigantes foram mortas por homens, que se dedicam à caça furtiva" naquelas duas áreas protegidas da província de Malanje, aludindo ainda a ataques que também visavam os fiscais destas reservas.
Apesar de reconhecer a problemática da caça furtiva em Angola, o comunicado assinado pelo diretor do INBAC, Ábias Huongo, destaca os passos que já foram dados nos últimos anos nesta matéria no país, como trabalhos de vedação dos parques nacionais, a criação da comissão interministerial contra crimes ambientais relacionados com a flora e a fauna selvagens, a criação da Unidade Contra Crimes Ambientais ou a Inauguração, no Cuando Cubango, da Escola Nacional de Formação de Fiscais.
Entre os dias 27 de julho e 10 de agosto realizou-se nas duas áreas protegidas uma operação de marcação de coleiras para monitoramento e acompanhamento da evolução das palancas negras gigantes, informa ainda o instituto, sem adiantar números oficiais.
"O último levantamento exaustivo foi feito em 2013 e apontava entre 90 a 100 exemplares, exclusivamente no sul da província de Malanje, mas só metade acompanhados. Acho que há todas as razões para estarmos muito preocupados, a situação não é nada boa", reconheceu em junho, em entrevista à Lusa, Pedro Vaz Pinto, coordenador do projeto nacional de preservação da palanca negra gigante.
Originária de Malanje e da vizinha província do Bié, a caça furtiva, que continua a fazer-se sentir, colocou esta subespécie da Palanca Negra na lista dos animais mais raros do mundo, em que por exemplo uma epidemia pode simplesmente acabar com a sua presença.
"Uma população que está reduzida a números tão pequenos pode desaparecer de um momento para o outro, mesmo que estejamos atentos e com capacidade para reagir", admitiu Pedro Vaz Pinto, da fundação Kissama, que lidera este projeto de conservação.
A palanca negra gigante integra a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como estando em perigo crítico de extinção. Durante o período da guerra civil em Angola, entre 1975 e 2002, por falta de informação, chegou a pensar-se que a espécie estava extinta.
Considerado um dos mais icónicos, maiores e mais belos antílopes do mundo, a palanca negra gigante é assim "um dos animais mais ameaçados de extinção no mundo", recorda o coordenador do programa de preservação.
Das cerca de 170 a 180 que se estima ainda viverem em Angola, apenas à volta de 40 exemplares, distribuídos por duas manadas, são controlados pelas autoridades angolanas, no Parque Nacional de Cangandala, criado em 1970, e com uma área de 630 quilómetros quadrados.
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