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Rapaz de 14 anos morre em demolições polémicas nos arredores de Luanda

A organização não-governamental angolana SOS Habitat denunciou hoje a morte a tiro de uma criança, supostamente por um militar, na sequência de um processo de demolições de milhares de casas na zona do Zango III, arredores de Luanda.

Rapaz de 14 anos morre em demolições polémicas nos arredores de Luanda
Notícias ao Minuto

17:01 - 08/08/16 por Lusa

Mundo SOS

Em declarações à agência Lusa, o coordenador de direção da SOS Habitat, Rafael Morais, disse que aquela organização de defesa dos direitos da habitação está a acompanhar de perto a situação, que considerou "altamente lamentável".

O ativista referiu que as demolições, assunto que está a ser fortemente questionado na sociedade angolana, tiveram início no dia 31 de julho.

Desde essa data a organização tem realizado várias ações no sentido de perceber o que está na base desses atos, atribuídos pelos moradores à Zona Económica Especial e a sua execução a cargo de militares.

Segundo Rafael Morais, a SOS Habitat está a trabalhar com a comunidade, tendo já feito deslocações à Zona Económica Especial e à administração municipal de Viana.

Rafael Morais disse que dos contactos efetuados apenas foram atendidos pelo gabinete jurídico da administração municipal de Viana, onde foram informados que é do seu conhecimento o processo de demolições, mas as razões apenas o administrador está em condições dar.

Na administração municipal de Viana, a SOS Habitat ficou a saber de outras demolições na zona do Zango II, porque alguns moradores ali se encontravam para reclamação.

"Peguei essas vítimas e fomos a um bairro chamado Walale e vimos que a maior parte das demolições foram dirigidas para obras, que estavam a ser erguidas aí, algumas não foram partidas, porque os donos se encontravam no local e supostamente deram algum dinheiro aos senhores que estavam lá a demolir", avançou o responsável.

De acordo com Rafael Morais, as demolições continuaram até sábado, dia em que um menor de 14 anos foi baleado por um militar quando reclamava sobre a demolição das casas.

"Apercebi ontem [domingo] quando estava na igreja e dali desloquei-me para esse bairro, onde fui até à casa do óbito confirmar realmente a morte do rapaz de 14 anos", contou.

Os familiares da vítima informaram que o cadáver foi alegadamente levado por militares para parte incerta, depois de dispararem para dispersar os populares ao redor e apenas no sábado o corpo foi localizado numa morgue de Luanda, registado "como uma criança desconhecida que foi morta a tiro".

"Hoje fomos à morgue com os familiares (...) fez-se o registo oficial e mantém-se [o corpo] na morgue do [hospital] Maria Pia, sem condições para o funeral", disse Rafael Morais.

"A SOS Habitat vai avançar para outros passos, para a justiça, para que a justiça seja feita. Vamos ajudar a família a arranjar um advogado no sentido de poder saber o que é se passou ou de encontrar o autor do disparo contra o rapaz", disse.

Rafael Morais disse que no Zango II mais de 2.500 famílias foram afetadas pelas demolições e no Zango III mais de 620 residências.

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