Geofísico recomenda campanha de sensibilização sobre riscos vulcânicos
O geofísico Bruno Faria recomendou hoje uma campanha de sensibilização junto da população da Brava, a ilha mais a sul do arquipélago de Cabo Verde, por esta ser vulcânica e estar sempre em risco de uma erupção.
© Lusa
Mundo Bruno Faria
Bruno Faria, geofísico do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) cabo-verdiano, fez a recomendação uma semana após a ilha registar vários abalos sísmicos, que levaram as autoridades a admitir a possibilidade de ocorrência de uma erupção vulcânica.
Em entrevista à Rádio Morabeza, citada pelo Expresso das ilhas, o técnico afirmou que a possibilidade de acontecer uma erupção vulcânica na ilha Brava é real e cita alguns estudos.
"Todos eles partilham desta opinião de que uma erupção na Brava pode acontecer a qualquer momento e que são erupções violentas. Isto está publicado em artigos científicos e não há discussão possível. A menos que haja uma nova teoria da vulcanologia completamente nova que derrube tudo o que se conhece hoje", sustentou.
A ilha da Brava, vulcânica como as restantes nove de Cabo Verde, tem registado vários abalos sísmicos nos últimos anos, mas sem causar grandes danos.
A última atividade sísmica aconteceu há uma semana, o que levou as autoridades a admitir a possibilidade de uma erupção vulcânica, tendo também sido evacuada cerca de 300 pessoas das localidades de Cova Joana e Benfica.
Segundo Bruno Faria, uma erupção vulcânica na ilha seria "muito explosiva" e cita como exemplo os depósitos geológicos na ilha, nomeadamente as covas existentes, Cova Joana, Cova Galinha, Covoada.
"Essas covas resultam exatamente da interação do magma com a água, que produz explosões muito violentas e que formam essas crateras", explicou.
A posição foi também defendida por José Madeira, coautor de um estudo sobre a vulcanologia da Brava, afirmando que qualquer erupção que, eventualmente, venha a acontecer na Brava poderá ser mais violenta do que aquela que aconteceu na vizinha ilha do Fogo, em finais de 2014.
"Quando o magma entra em contacto com a água do subsolo, isso pode contribuir para aumentar a explosividade e, portanto, uma erupção deste tipo, normalmente começa de um modo relativamente brusco, com explosões, projeção de blocos de rocha", indicou José Madeira.
Em declarações à Inforpress, Bruno Faria disse que não se registam abalos sísmicos na ilha da Brava neste momento que possam ser sentidos pelas pessoas, que regressaram às suas casas, após autorização do Governo.
O Executivo cabo-verdiano alertou as pessoas para se manterem alertas e atentas às instruções de segurança, considerando que, apesar da redução, a atividade sísmica, pode intensificar "de uma hora para outra", pelo que mantém o estado de alerta na ilha.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com