Polémica em França sobre "dia do burkini" em parque aquático
A organização de um "dia do burkini", fato de banho islâmico, por uma associação de mulheres muçulmanas num parque aquático privado do sul de França desencadeou a indignação das autoridades locais, que exigiram a sua proibição.
© PixaBay
Mundo Muçulmanos
A associação de mulheres, que trabalha nos bairros do norte de Marselha atingidos pela pobreza, reservou o Speed Water Parc para o dia 10 de setembro, com o aviso às participantes de que "não venham com duas peças", mas com um fato de banho escondendo o corpo "do peito aos joelhos".
"O parque autoriza excecionalmente Burkini/Jilbeb (túnica) de banho", está também escrito no anúncio da associação Smile 13. Na rede social Facebook, a associação esclarece que a indumentária imposta se explica pela presença de "professores de natação homens".
"As crianças do sexo masculino são autorizadas até aos dez anos", precisa-se ainda.
O presidente da câmara de Pennes-Mirabeau, uma cidade de 20.000 habitantes onde se situa o parque aquático, anunciou que vai emitir "uma ordem municipal proibindo aquela manifestação na localidade pelo motivo de ser suscetível de perturbar a ordem pública".
"Considero este evento uma provocação de que não precisamos no atual contexto. É comunitarismo puro e simples", declarou hoje ao jornal Le Parisien/Aujourd'hui em França este autarca de esquerda, Michel Amiel, também senador.
A deputada dos Republicanos (direita) Valérie Boyer afirmou, na rede social Twitter, que "aceitar esta autodenominada moda é fortalecer o comunitarismo no nosso país, uma questão de respeito dos nossos princípios fundamentais".
Segundo o presidente da junta de freguesia de um bairro de Marselha, Stéphane Ravier, da Frente Nacional (extrema-direita), "este dia islâmico demonstra que, apesar dos discursos tranquilizadores das autoridades muçulmanas, um determinado número de muçulmanos se exclui voluntariamente do nosso modelo republicano e se coloca a si mesmo à margem da nossa sociedade".
Um deputado municipal socialista de Marselha, Stéphane Mari, pediu à direção do parque aquático para desistir da iniciativa.
"Manter este tipo de manifestação, que será, sem dúvida nenhuma, amplamente mediatizada, é desferir um golpe no nosso modelo republicano e favorecerá, mais uma vez, o partido daqueles que hasteiam as bandeiras do ódio e da exclusão", defendeu.
O uso de trajes islâmicos no espaço público é malvisto em França, onde o véu é proibido nas escolas e às funcionárias de serviços públicos.
O surgimento do "burkini" e de hijabs em coleções de moda foi criticado em março pela ministra socialista dos Direitos das Mulheres, Laurence Rossignol, que nele viu "a promoção do confinamento do corpo das mulheres".
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