Etienne Tshisekedi exige presidenciais até final do ano
O opositor histórico na República Democrática do Congo Etienne Tshisekedi exigiu hoje, perante dezenas de milhares de apoiantes, a realização de presidenciais até final do ano e a saída do Presidente Joseph Kabila a 20 de dezembro.
© Reuters
Mundo Congo
A oposição congolesa receia que Kabila, no poder desde 2001 e impedido pela Constituição de se candidatar a um novo mandato, adie as eleições presidenciais, previstas para o final do ano, para se manter no poder.
"A data de 19 de setembro próximos é a primeira linha vermelha que não pode ser ultrapassada. O corpo eleitoral deve ser convocado (nesta data) para a eleição presidencial. Em caso contrário, a alta traição será imputada a Kabila, que assume a responsabilidade da infelicidade dos congoleses", declarou Tshisekedi, que regressou ao país após dois anos de ausência.
"A partir de agora, começa a contagem do pré-aviso de três meses como inquilino do palácio presidencial", acrescentou o presidente da União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS). A 20 de dezembro, "a casa deve estar livre", concluiu.
O opositor, de 83 anos, exigiu também "o fim dos processos judiciais arbitrários" contra líderes da oposição, como é o caso de Moise Katumbi e Martin Fayulu.
O comício reuniu dez mil pessoas, de acordo com a polícia, e cinco milhões, segundo a organização.
Tshisekedi recusou novamente o ex-primeiro-ministro do Togo Edem Kodjo, facilitador designado pela União Africana (UA) para o diálogo, que acusou de tomar o partido de Kabila. Kodjo rejeitou já a acusação, que considerou injusta.
"A 20 de dezembro diremos adeus a Kabila e vamos inaugurar uma nova era, tal como decidirmos ao longo de um verdadeiro diálogo político inclusivo, sem Kabila", declarou.
Opositor durante a ditadura de Mobutu Sese Seko (1965-1997), o octogenário também combateu o regime de Laurent-Désiré Kabila, pai do atual chefe de Estado. Nas presidenciais de 2011, Tshisekedi ficou em segundo lugar, mas rejeitou os resultados.
Uma decisão recente do Tribunal Constitucional autoriza Kabila a ficar no cargo, se as presidenciais não se realizarem na data prevista.
Hoje, a comissão encarregada de organizar o escrutínio começou o recenseamento dos eleitores na província de Norte-Ubangi, no nordeste da RDCongo. As operações devem continuar em todo o país durante dez meses.
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