Bruxelas mostra preocupação com detenções de jornalistas na Turquia
A Comissão Europeia manifestou hoje preocupação com as detenções de jornalistas e encerramentos de jornais na Turquia, na sequência da declaração do estado de emergência depois de uma tentativa falhada de golpe de Estado.
© Reuters
Mundo Comissão Europeia
Na habitual conferência de imprensa diária, em Bruxelas, a porta-voz do executivo comunitário, Maja Kocijancic, afirmou serem preocupantes as informações acerca de detenções e encerramentos na Turquia e sublinhou que a liberdade de expressão é uma das fundações da democracia.
"Em qualquer circunstância, a Turquia deve continuar a respeitar as leis e os direitos humanos fundamentais", resumiu a mesma fonte, recordando que a Turquia como país candidato à adesão à União Europeia deve cumprir todos os requisitos de um Estado de Direito.
A Comissão Europeia também assinalou a importância do direito de todos a um julgamento justo.
Na sequência da tentativa de golpe militar, de 15 de julho, o executivo turco declarou o estado de emergência e desencadeou uma purga em diversos organismos estatais para localizar os alegados seguidores de Fethullah Gülen, o clérigo islamita exilado nos Estados Unidos e que Ancara acusa de ter patrocinado o golpe.
O executivo comunitário oficializou ainda mobilização de 1,4 mil milhões de euros para financiar apoios, nas áreas da educação e da saúde, para refugiados sírios que se encontram na Turquia.
Já esta semana, Bruxelas tinha garantido estar a cumprir o acordado com a Turquia em relação à crise dos refugiados, ao alocarem até ao final deste mês 2,15 mil milhões de euros.
À televisão pública alemã ARD, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tinha acusado a UE de não estar a cumprir o acordo que prevê que Ancara acolha de volta os migrantes que viajaram desde o seu território para as ilhas gregas.
Em troca da cooperação, os líderes europeus concordaram em acelerar a liberalização dos vistos para os turcos, relançar as negociações de adesão e ainda duplicar para um total de seis mil milhões de euros a ajuda que será concedida à Turquia até 2018 e que se destina a melhorar as condições de vida dos 2,7 milhões de sírios refugiados no país.
Segundo Erdogan, a Turquia só recebeu até agora menos de dois milhões de euros, pelo que "os governos [europeus] não estão a ser honestos".
"Três milhões de sírios, ou pessoas do Iraque, estão agora na Turquia. (...) A União Europeia não cumpriu aquilo que prometeu nesta matéria", afirmou.
Segundo o Presidente turco, os gastos da Turquia em ajuda a refugiados sírios ascendem já a 12 mil milhões de euros.
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