Irão vai ter novos centros especializados para lidar com prostituição
O Governo iraniano anunciou a criação de novos centros médicos para avaliar a prostituição, que é considerada crime e tem sido tabu na República Islâmica, e prevenir doenças sexualmente transmissíveis, noticiou hoje a agência espanhola Efe.
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Mundo Governo
Na semana passada, o vice-ministro da Saúde, Ali Akbar Sayari, anunciou a criação de novos centros médicos especializados para avaliar as prostitutas em Teerão, com o objetivo de prevenir as "doenças sexualmente transmissíveis, como a hepatite ou a sida".
O assunto causou alguma polémica no país, onde oficialmente não só não é reconhecida a existência de prostituição, mas também não se pode falar sobre sexo fora do casamento, sendo considerados crimes que podem ser punidos com a morte.
A proposta inédita foi debatida pelos iranianos, com os mais conservadores a considerarem-na um meio para "legitimar a prostituição".
O debate também faz parte das iniciativas desenvolvidas pelo Governo moderado de Hassan Rohani, de "rever os desafios da política de género" no país e as "patologias sociais".
Para Sayari, a abertura de clínicas para prostitutas é apenas uma maneira de parar "a transmissão sexual da sida no Irão", que duplicou numa década, de 15% para 30%".
De acordo com o vice-ministro, a incapacidade de prevenir a transmissão da sida deveu-se ao tabu que existe no país, especialmente no que se refere às atividades sexuais, o que impede os médicos e assistentes sociais de "informarem o público sobre estas questões, inclusive sobre o uso do preservativo ".
"Nos últimos anos, muitas mulheres casadas optaram por este trabalho para viver melhor", indicou um especialista, que apontou a má situação económica do país e as dificuldades para encontrar trabalho bem pago como causa da problema.
A mesma fonte disse que o encerramento de bordeis decretado após o triunfo da Revolução Islâmica teve um resultado oposto ao esperado e serviu para que as "casas secretas", como são conhecidas no Irão, se espalhassem por todos os bairros e edifícios".
"Esta situação serve não só para fomentar a prostituição, mas também a transmissão de diferentes doenças sexuais", adiantou.
No Irão, a moralidade sexual e a hipocrisia generalizada em torno do assunto levou à criação de instituições, tais como o "sighe", um casamento temporário, fórmula aceite pela rigorosa lei religiosa iraniana e que, de alguma forma, justifica ter relações sexuais em troca de dinheiro.
O "sighe" estabelece um casamento formal entre um homem e uma mulher por um período que pode durar apenas algumas horas. Esta "ferramenta" é muitas vezes usada para encobrir a prostituição.
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