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Panama Papers: Negócios que tiraram milhões ao continente africano

Autoridades italianas estão a aprofundar investigações em 12 das 17 empresas contempladas na mega investigação dos Panama Papers.

Panama Papers: Negócios que tiraram milhões ao continente africano
Notícias ao Minuto

09:38 - 25/07/16 por Notícias ao Minuto

Mundo Investigação

O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa) dá conta de uma nova operação relacionada com a mega investigação contemplada nos Panama Papers. Na página oficial do consórcio, surgem novas suspeitas de negócios feitos através de offshores que privaram o continente africano em milhares de milhões de dólares em recursos naturais, nomeadamente em gás e petróleo.

No centro das investigações está Farid Bedjaoui, ex-ministro da energia do governo da Argélia, que se terá encontrado com outros membros do governo e executivos de um gigante da energia italiano, a Saipem.

Segundo as autoridades italianas, os representantes terão negociado subornos na ordem dos 275 milhões de dólares (cerca de 250 milhões de euros) para ajudar a empresa italiana a conseguir lucrar mais de 10 mil milhões de dólares (mais de 9 mil milhões de euros) em contratos para construir oleodutos e gasotuos no deserto norte-Africano, que iriam servir as margens do Mediterrâneo.

Para ocultar a dimensão das transferências monetárias, Bedjaoui usou uma série de offshores para ocultar os valores astronómicos das autoridades e evitar o escrutínio das mesmas, acreditam os procuradores italianos. Do total das 17 firmas ligadas ao ex-governante, 12 estão sob especial atenção da polícia, sendo que todas elas foram criadas pela Mossack Fonseca, a firma que está no centro da investigação dos Panama Papers.

Uma das companhias envolvidas, a Minkle Consultants S.A, é descrita pelos investigadores como “um cruzamento de fluxos financeiros ilícitos”, que terá canalizado milhões de dólares de subempreiteiros para uma matriz de destinatários cuja identidade ainda está por ser desvendada. Os procuradores suspeitam que tudo terá sido operado através de um escritório de advogados, criado pelo próprio Bedjaoui, que ajudou a distribuir algo como 15 milhões de dólares para amigos e familiares do então ministro da energia argelino.

“As empresas tinham livre acesso a projetos de extração [de ouro e diamantes] porque os seus donos tinham ligações políticas”, disse o ex-primeiro-ministro Sueco, Fredrik Reinfeldt ao ICIJ.

Ainda assim, toda esta informação apenas serve de introdução para a verdadeira dimensão do escândalo: as empresas sob investigação, que se diziam apenas ligadas à área da energia, iam muito além disso – eram responsáveis por uma outra série de negócios paralelos que envolviam recursos como o ouro e os diamantes, lucrando milhões através dos mesmos e escapando sempre aos olhos das finanças, não pagando por isso qualquer imposto, além de terem contribuído para a destruição do ambiente no continente africano.

A teia expande-se ainda mais quando estas 12 empresas geriam ‘a papelada’ de outras 1.400 firmas locais, cujos nomes ainda não estão sequer perto de serem revelados. Ao todo, as 12 corporações estavam – direta ou indiretamente – presentes em 44 dos 54 países africanos, todas elas controladas por políticos ou pelas respetivas famílias que contribuíram para as transações financeiras astronómicas referidas no início do texto.

Já abordadas pelo Consórcio dos jornalistas, a Mossack Fonseca recusou-se a responder a qualquer questão mais detalhada, reiterando apenas que atua "como um agente que ajuda a incorporar as empresas e que, antes de aceitar qualquer colaboração, exerce um processo exaustivo de análise, para certificar o cumprimento das normas locais, regulamentos e normas pertinentes a que nós e os outros estão vinculados".

Quanto à Saipem, a empresa megalómana, adianta que "está a colaborar com as investigações e que "já implementou medidas reestruturais de administração".

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