Anulada condenação de cardeal por colaboração com regime pró-nazi
Um tribunal de Zagreb anulou hoje um veredito da era comunista na Jugoslávia que condenou um controverso cardeal por colaboração com o regime pró-nazi croata durante a Segunda Guerra Mundial, ao alegar que o julgamento foi injusto.
© Getty Images
Mundo Croácia
Alojzije Stepinac, morto há mais de 50 anos, foi beatificado em 1998 por João Paulo II em nome da sua luta contra o comunismo.
Para a justiça croata, a sua condenação em 1946, a 16 anos de prisão foi o resultado de um "processo político". De acordo com o juiz Ivan Turudic, citado pela agência oficial Hina, foi "privado de um processo justo".
A revisão do veredito foi exigida por um sobrinho do cardeal.
Após cinco anos de detenção, o cardeal, que rejeitou as acusações de ter "atuado contra o povo e contra o Estado", foi colocado em prisão domiciliária. Morreu em 1960, aos 61 anos.
Stepinac permanece uma personagem controversa pelo seu desempenho ambíguo no decurso do regime pró-nazi ustashi na Croácia, aliado da Alemanha de Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, permanece a figura identitária de numerosos católicos croatas, e alguns têm solicitado a sua canonização. Cerca de 90% dos 4,2 milhões de croatas são católicos.
A sua beatificação suscitou numerosas críticas dos setores que acusam Stepinac de ter adotado uma atitude passiva ou inclusive cúmplice face ao regime pró-nazi de Ante Pavelic, responsável pele extermínio em massa de sérvios, judeus e ciganos no decurso do conflito.
Segundo a igreja católica croata, Stepinac protestou abertamente contra as perseguições do regime ustashi, sendo os seus sermões durante a guerra a prova dessa atitude.
Diversos historiadores independentes assinalam que o cardeal se congratulou com a instauração do Estado independente croata (NHD) pró-nazi. Mas mais tarde, nos seus discursos, sermões ou cartas aos dirigentes do regime, protestou contra a política de violência e intolerância racial.
Numa carta recente citada pelos media, o patriarca Irinej, da igreja ortodoxa sérvia, pediu ao papa Francisco para deixar a canonização de Stepinac "ao julgamento infalível de Deus".
O Vaticano estabeleceu recentemente uma comissão inter-religiosa, composta por prelados católicos e ortodoxos, para analisar o comportamento do cardeal Stepinac durante a Segunda Guerra Mundial.
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