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Moçambique foi o país africano com crescimento mais rápido da dívida

Moçambique foi o país africano que teve o maior nível de crescimento da dívida pública externa entre 2011 e 2013, com aumentos de 30% ao ano, segundo o relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Crescimento (UNCTAD).

Moçambique foi o país africano com crescimento mais rápido da dívida
Notícias ao Minuto

18:17 - 21/07/16 por Lusa

Mundo ONU

De acordo com o documento 'Desenvolvimento Económico em África', dedicado especialmente à questão da dinâmica e aumento da dívida pública no continente e apresentado na capital do Quénia, "entre 2011 e 2013, o volume de dívida externa cresceu mais rapidamente em Moçambique (30% ao ano, em média), nos Camarões (26% ao ano) e Gabão, Nigéria, Ruanda e Seicheles (24% ao ano)".

Na classificação dos países em função do risco da dívida, Moçambique aparece juntamente com Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau no grupo dos países de risco moderado, deixando São Tomé e Príncipe isolado no grupo mais arriscado, mas os dados reportam-se a novembro de 2015, quando a crise da dívida em Moçambique, com a divulgação de pelo menos 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos escondidos, não tinha ainda escalado.

"Em média, o volume de dívida externa em África cresceu 10,2% ao ano entre 2011 e 2013, o que compara com um crescimento de 7,8% entre 2006 e 2009", acrescenta o relatório, que considera que "esta tendência foi motivada em parte por fatores como o forte declínio dos preços das matérias-primas e consequentes receitas fiscais mais baixas, e a crise financeira global".

Para os peritos da UNCTAD, estes fatores levaram a que os investidores apostassem em ativos de maior risco, o que aumentou o interesse nos mercados emergentes: "Os investidores que procuravam juros maiores em África, dado o crescimento lento nas economias avançadas e as taxas de juros maiores baseadas no risco percecionado de investir em África, abriram novas fontes de financiamento externo, muitas vezes sem a imposição de condicionalismos, que os países africanos aproveitaram".

O documento de 166 páginas salienta também a importância da diferença entre quem detém a dívida das economias africanas, mas aponta que mais importante ainda é o uso que é dado a esta fonte de financiamento: "se a dívida é adquirida para despesas correntes, isto pode levar a grandes vulnerabilidades e a desafios sobre a sustentabilidade da dívida para os Estados, como por exemplo em Moçambique e no Gana".

Por outro lado, "se a dívida é usada para financiar investimentos que contribuem para sedimentar as capacidades produtivas e futuros aumentos do PIB, isso garante que os países conseguem gerar os recursos para repagarem e servirem as suas dívidas", diz a UNCTAD, que salienta também a importância de diversificar a economia.

"Usar dívida para financiar investimentos para objetivos de diversificação económica é ainda mais importante para garantir que os países têm a capacidade para responder a choques externos imprevistos e a capacidade para repagarem as suas dívidas".

No comunicado de imprensa que acompanha a divulgação do relatório, que estima em 600 mil milhões de dólares por ano as necessidades para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em África, o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi, diz que é preciso encontrar "um equilíbrio entre o presente e o futuro, porque a dívida é perigosa quando é insustentável".

O relatório calcula ainda que os fluxos financeiros ilegais chegam a 50 mil milhões de dólares por ano, o que significa que "entre 1970 e 2008, África terá perdido 854 mil milhões de dólares, mais ou menos o mesmo que toda a ajuda oficial ao desenvolvimento recebida durante esse período".

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