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Denunciadas detenções arbitrárias no conflito do leste da Ucrânia

Um relatório conjunto da Amnistia Internacional e da Human Rights Watch denuncia casos de detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados de civis em ambos os lados do conflito no leste da Ucrânia e apela à pressão da comunidade internacional.

Denunciadas detenções arbitrárias no conflito do leste da Ucrânia
Notícias ao Minuto

10:44 - 21/07/16 por Lusa

Mundo ONG

Hoje divulgado pelas duas organizações de defesa dos direitos humanos, o relatório, intitulado "Tu não existes - Detenções Arbitrárias, Desaparecimentos Forçados e Tortura no Leste da Ucrânia", resulta de entrevistas com 40 vítimas de abusos, familiares, testemunhas, advogados das vítimas e outras fontes.

O documento revela nove casos de detenções arbitrárias e prolongadas de civis pelas autoridades ucranianas, incluindo alguns casos de desaparecimentos forçados, em instalações de detenção informais, e nove casos de detenção arbitrária e prolongada de civis pelos separatistas apoiados pela Rússia.

O conflito na Ucrânia, que dura há mais de dois anos, já provocou 2.000 mortos, 90% dos quais em bombardeamentos indiscriminados de áreas residenciais, segundo revelou um relatório divulgado este mês pela ONU.

Nesse documento, a Missão da ONU de Observação dos Direitos Humanos na Ucrânia criticava a impunidade com que se tratam os crimes cometidos desde a insurreição em abril de 2014 com fins separatistas em Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e descrevia mais de 60 casos relacionados com o assassinato de civis e de outras pessoas protegidas pelas normas internacionais em zonas de guerra, como prisioneiros.

Hoje, a Amnistia Internacional (AI) e a Human Rights Watch (HRW) apresentam novas provas das violações dos direitos humanos na região.

"A tortura e as detenções secretas não são práticas históricas -- ou desconhecidas -- na Ucrânia. Elas acontecem neste momento, em ambos os lados do conflito", diz hoje o diretor de Investigação para a Eurásia da AI, Denis Krivosheev, citado num comunicado de imprensa.

O mesmo responsável alerta que os países que apoiam os dois lados do conflito "sabem perfeitamente" que se praticam abusos e apela: "Não podem continuar a fechar os olhos a estes abusos abomináveis".

"As pessoas no Leste da Ucrânia que estão a ser capturadas e escondidas por ambas as partes estão à mercê dos seus captores, disse por seu lado Tanya Lokshina, investigadora para a Europa e a Ásia Central na HRW, reiterando que "nunca é legal ou justificado capturar as pessoas na rua, cortar-lhes o contacto com a família e os advogados e espancá-las e maltratá-las".

Nas suas recomendações à comunidade internacional, as duas organizações apelam aos parceiros da Ucrânia que monitorizem e reportem violações de direitos humanos em ambos os lados e que abordem a questão com as autoridades ucranianas em todas as oportunidades.

Apelam ainda à Rússia para que use a sua influência sobre as autoridades 'de facto' em Donetsk e Lugansk para que parem imediatamente as violações dos direitos humanos e julguem os responsáveis.

Segundo o relatório, as autoridades ucranianas e os grupos paramilitares pró-Kiev detêm civis suspeitos de envolvimento ou de apoio aos separatistas pró-russos, enquanto as forças separatistas detêm civis suspeitos de apoiar ou espiar para o Governo ucraniano.

As organizações relatam o caso de Vadim, de 39 anos, que foi detido e torturado primeiro por um lado e depois por outro.

Em abril de 2015, foi capturado num posto de controlo das forças ucranianas, ficou mais de seis semanas detido em instalações aparentemente geridas pelos serviços de segurança ucranianos, sujeito a tortura com choques elétricos, queimaduras de cigarros e espancado para que confessasse trabalhar para os separatistas.

Depois de ser libertado, Vadim regressou a Donetsk e foi detido imediatamente pelas autoridades separatistas locais, que suspeitaram que o civil tinha sido recrutado pelas autoridades russas durante o seu cativeiro, tendo ficado detido numa prisão não oficial em Donetsk, onde foi também espancado e maltratados.

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