Brexit pode impulsionar outros movimentos separatistas pela Europa
A agência de notação financeira DBRS alerta que a eventual saída do Reino Unido da União Europeia pode impulsionar outros movimentos separatistas pela Europa e aumentar o ceticismo face à integração europeia, com custos para os 28 estados-membros.
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Mundo DBRS
"Talvez mais significativo do que os impactos económicos e de segurança é o espaço que será criado para outros movimentos separatistas pela Europa, caso o Reino Unido vote para sair da União Europeia", afirmou a DBRS num comentário sobre os impactos do 'Brexit' divulgado hoje.
A agência lembra que as eleições para o Parlamento Europeu de 2014 demonstraram que uma parte da população europeia está "descontente com os partidos políticos tradicionais em vários países" e que muitos movimentos separatistas ganharam popularidade "por causa do seu ceticismo" para com a União Europeia.
"Esses partidos partilham com os defensores da saída da União Europeia um desejo por mais autodeterminação, soberania e democracia direta, apesar dos benefícios económicos que a adesão à União Europeia lhes tem trazido. Também partilham o ceticismo face aos regulamentos europeus e para com imigrantes", afirma a DBRS.
A agência canadiana contrapõe este ceticismo com a vontade dos líderes europeus em querer manter a zona euro mas admite que, com estes movimentos, em particular com o referendo britânico, a ideia de que a União Europeia está cada vez mais unida "já não é válida".
Assim, considera, o 'Brexit' será visto como "um sinal de que é possível deixar a União Europeia por outros aspirantes a separatistas na Europa", nomeadamente por partidos eurocéticos na Dinamarca, França, Holanda e Suécia, que já apelaram a referendos semelhantes.
"A forma como a Europa lidará com as forças separatistas que se opõem à integração europeia será importante para o futuro da zona euro e da União Europeia", conclui.
Nos impactos económicos, a DBRS considera que o 'Brexit' poderia "perpetuar a volatilidade dos mercados e abrandar a recuperação económica na Europa". As taxas de juro em países mais endividados, como Portugal, "continuariam sobre pressão", mas a DBRS afirma que, no curto prazo, isso não significa uma revisão em baixa do 'rating'.
Entre os impactos do 'Brexit', a DBRS aponta ainda a "perda significativa da contribuição do Reino Unido para o orçamento europeu", riscos para a segurança europeia ("dada a grande contribuição do país para segurança europeia") e a perda da participação europeia no comércio internacional.
"Para a União Europeia, perder o Reino Unido como um parceiro comercial preferencial, pode significar uma perda de 3,3% do comércio internacional, reduzindo a sua participação de 18% no comércio internacional para 14,7%", afirma a agência.
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