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Central de Almaraz trabalha com peças fabricadas para potência inferior

A central nuclear de Almaraz está a trabalhar com uma potência superior àquela para que foram desenhadas as suas peças e pode contar componentes que não passaram nos controlos de qualidade do fabricante, alerta a Greenpeace-Espanha.

Central de Almaraz trabalha com peças fabricadas para potência inferior
Notícias ao Minuto

08:30 - 09/06/16 por Lusa

Mundo Greenpeace

uma central nuclear com dois reatores que já estão a chegar ao final da sua vida útil. Tanto o reator 1 como o reator 2 rondam os 33 e os 36 anos, respetivamente. Além dos problemas habituais numa central nuclear [com esta idade], no caso da central de Almaraz fez-se uma repotenciação ¬- está a trabalhar com uma potência superior do que aquela para a qual foram desenhadas as peças - o que constitui um outra motivo de preocupação", explicou em entrevista à Lusa a responsável pela campanha anti-nuclear da Greenpeace, Raquel Montón.

No sábado realiza-se uma manifestação ibérica (com protestos de ambos os lados da fronteira) pelo encerramento da central nuclear de Almaraz (dois reatores em operação desde 1983 e 1984), na comunidade autónoma espanhola da Extremadura, à beira do Tejo e a cerca de 100 quilómetros de Portugal.

Nos últimos nove anos, a central notificou (de forma obrigatória) o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) em 87 ocasiões, reportando problemas como "a perda de capacidade de comunicação entre o seu Centro de Apoio Técnico de Emergencia (CAT) e a Sala de Emergências do CSN", a "omissão de algumas das rondas de vigilância que se realizam a cada hora nas zonas onde existe um risco de incêndio" ou o "arranque automático do sistema de ventilação de emergência da Sala de Controlo" da central.

"Em termos concretos, nos últimos dois meses, detetaram-se falhas e avarias nos circuitos primárias de refrigeração dos reatores. A decisão do Conselho de Segurança Nuclear, em vez de pará-los para averiguar o que aconteceu, foi a de esperar pela paragem [programada] de recarga [de combustível físsil]. Este é um motivo de preocupação muito grave e muito sério", acusou a ambientalista.

Outro dos problemas, salientou, é o paradeiro de componentes fabricados pela empresa francesa Areva, que não terão passado nos controlos de qualidade.

"Em segundo lugar estamos preocupados porque a Areva, a empresa francesa que fornece equipamento nuclear, anunciou há cerca de 20 dias que mais de 400 dos seus componentes não passaram os controlos de qualidade a que foram submetidos. Entre estas 400 peças utilizadas como sobressalentes, 50 estão localizadas em centrais nucleares francesas, mas as restantes estão em vários reatores nucleares, entre os quais os de Almaraz", adiantou Raquel Montón.

A Greenpeace pediu explicações ao CSN e perguntou se o operador [Iberdrola e Endesa] também já tinha solicitado informações adicionais ao fornecedor.

"Estamos à espera que se localizem estes componentes. Do nosso ponto de vista, logo que se soube essa notícia [da Areva] já deveríamos saber tudo sobre onde estão", sublinhou.

A empresa francesa Areva indicou que uma auditoria de qualidade tinha detetado "irregularidades nos registos de fabrico de equipamento para centrais nucleares", mas sublinhou que "esta análise não tinha abordado a integridade mecânica dos componentes fabricados".

A central de Almaraz "tem ainda outros quatro anos de licença em vigor", pelo que os trâmites para a renovação de licença (para mais três anos) começariam em 2017, no próximo ano. Das sete centrais nucleares espanholas em funcionamento (uma oitava está parada), a de Santa Maria de Garoña (comunidade de Castela-Leão, norte de Espanha) é a única com um pedido de renovação de licença.

"Almaraz seria a seguinte, por isso o que se passar com Santa Maria de Garoña servirá para vermos como vai correr. Mas o que se deveria estar a fazer era um calendário para a desativação das centrais nucleares em Espanha", considerou Raquel Montón.

As centrais nucleares espanholas representam cerca de 20% da procura elétrica do país vizinho, mas o Greenpeace acredita que poderiam ser todas desligadas e suprir esta percentagem com renováveis (eólica e hídrica).

"Em Espanha o nuclear é dispensável por causa do enorme potencial de energia renovável que o país tem. Espanha tem mais do dobro da potência instalada do que necessita, pelo que se parássemos todas as centrais nucleares não haveria nenhum problema de segurança de abastecimento", concluiu.

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