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Cerimónia em campo de extermínio na Croácia boicotada

Pela primeira vez desde o final da II Guerra Mundial uma cerimónia no campo de extermínio de Jasenovac foi hoje boicotada, em protesto pelo ressurgimento da ideologia 'ustasha', o movimento nazi croata banido após 1945.

Cerimónia em campo de extermínio na Croácia boicotada
Notícias ao Minuto

18:13 - 22/04/16 por Lusa

Mundo Extremismo

Pela primeira vez desde o final da II Guerra Mundial uma cerimónia no campo de extermínio de Jasenovac foi hoje boicotada, em protesto pelo ressurgimento da ideologia 'ustasha', o movimento nazi croata banido após 1945.

O boicote, promovido pelas comunidades sérvia e judaica, minoritárias na Croácia e ao qual se associou a Liga dos Antifascistas Croatas, foi justificado pelos "acontecimentos políticos relacionados com a relativização e revitalização do 'ustashismo'", numa referência aos crimes cometidos entre 1941 e 1945 e encarado com "indulgência" pela atual liderança política de Zagreb.

Entre os acontecimentos recentes, foram recordadas as palavras de ordem 'ustashas' no decurso de um jogo de futebol amigável disputado em março em Osijek (leste) pelas seleções croata e israelita, na presença do primeiro-ministro croata, Tihomir Oreskovic, que não reagiu.

Hoje, o chefe do Governo e outros membros do Executivo controlado pela União Democrática Croata (HDZ, direita nacionalista) participaram nas celebrações de Jasenovac, o "Auschwitz croata", então erguido pelo regime pró-nazi de Ante Pavelic a cerca de 100 quilómetros da capital e desmantelado há 71 anos, após a tomada do poder pelos 'partisans' jugoslavos.

A cerimónia de homenagem junto ao monumento "Flor de Pedra", construído em 1966 em memória das vítimas, não contou com a presença da Presidente croata, a conservadora Kolinda Grabar-Kitarovic, que se encontra fora do país e em 2015 optou por não assistir a este ato oficial, uma atitude inédita num chefe de Estado.

Dezenas de milhares de sérvios, ciganos e militantes antifascistas croatas foram mortos neste campo de extermínio que continua a ser motivo de discórdia: enquanto os historiadores locais e o museu de Jasenovac se referem a cerca de 82.000 vítimas, fontes sérvias indicam que mais de 700.000 pessoas foram mortas no campo.

O Estado Independente Croata (NHD), uma entidade "satélite" do III Reich, anexou na ocasião a Bósnia-Herzegovina e exerceu uma impiedosa repressão sobre as oposições e etnias minoritárias, então com a cumplicidade da poderosa igreja católica croata.

Os participantes no boicote consideram que o atual Governo conservador e nacionalista tolera, e inclusivamente incita, o revisionismo histórico e a nostalgia do regime nazi 'ustashi'.

Ao protesto associou-se ainda a única sobrevivente de Jasenovac que permanece viva, Pava Molnar, de 95 anos. No entanto, o seu discurso foi lido, à semelhança de diversas cartas de prisioneiros que não sobreviveram no campo, dirigidas a familiares e amigos.

Recentemente, o presidente do Conselho popular sérvio da Croácia, Milorad Pupovac, denunciou "o aumento da intolerância dirigida às minorias políticas, étnicas e religiosas da Croácia".

Perante esta vaga de críticas, o primeiro-ministro e a Presidente da Croácia decidirem condenar explicitamente em 11 de abril, e pela primeira vez, o regime 'ustasha'.

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