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"Fenómeno Trump" é situação sem precedentes na história eleitoral

O embaixador norte-americano em Portugal, Robert Sherman, afirmou hoje que os Estados Unidos estão a viver uma "situação sem precedentes" com as atuais eleições primárias para a nomeação presidencial, nomeadamente com o "fenómeno" chamado Donald Trump.

"Fenómeno Trump" é situação sem precedentes na história eleitoral
Notícias ao Minuto

18:25 - 10/03/16 por Lusa

Mundo Diplomata

uma situação sem precedentes na história eleitoral norte-americana. Acho que ninguém previu que este seria o resultado quando o processo começou. Muitas pessoas apostariam o seu dinheiro em Jeb Bush [irmão do antigo Presidente George W. Bush] para ser o nomeado" do partido Republicano, afirmou Robert Sherman, num encontro com jornalistas hoje realizado em Lisboa.

"As regras estão a ser reescritas ao longo do processo", reforçou o representante diplomático dos Estados Unidos em Portugal, que foi colaborador nas duas campanhas do atual Presidente Barack Obama.

Os Estados Unidos só vão eleger o próximo Presidente, o 45.º da história norte-americana e o sucessor de Obama, a 08 de novembro deste ano, mas o país iniciou, no passado dia 01 de fevereiro, a maratona das eleições primárias e dos 'caucus' (assembleias locais de eleitores) para a nomeação presidencial dos Partidos Republicano e Democrata.

O multibilionário Donald Trump assume-se hoje como o grande favorito para a nomeação republicana, ao ganhar 15 das 24 votações realizadas até ao momento. Ainda na corrida republicana estão Ted Cruz, Marco Rubio e John Kasich.

Do lado democrata, e após 22 votações realizadas, a ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton está a liderar a corrida com 13 vitórias. O outro candidato democrata, Bernie Sanders, soma nove vitórias.

Segundo Robert Sherman, o "fenómeno" Donald Trump surge do clima de desordem instalado no Partido Republicano norte-americano.

"Não existe uma voz do aparelho do partido. Isso significa que o partido está desorganizado como partido. Existiu muita conversa sobre a procura de um candidato do aparelho do partido, mas os eleitores nas primárias republicanas não mostraram grande vontade em votar num candidato assim. Estão a votar fora do processo", referiu.

O descontentamento de uma classe média norte-americana mais empobrecida e a sua frustração para com as instituições políticas e o diálogo político também provocou, segundo o representante, a procura de líderes que estão fora do sistema.

Questionado sobre o inflamado discurso político de Trump, o embaixador referiu que as primárias "são tempos de entusiasmo", ao contrário das eleições gerais para a presidência.

"[Nas primárias] é sobre quem entusiasma os eleitores. As eleições gerais é mais sobre quem os americanos querem que lidere o país, que tipo de mundo querem viver", afirmou Robert Sherman.

"Nas eleições gerais, o eleitor americano tende a ser centrista e mais moderado do que o eleitorado nas primárias. E acho que mensagens que promovem a divisão, que são intolerantes e que desrespeitam não têm eco nos eleitores nas eleições gerais", defendeu o embaixador, acrescentando que tem "muita fé no eleitorado norte-americano".

"Sabemos os valores sobre os quais o nosso país foi construído e procuramos um candidato que reflita esses valores", disse.

Em relação aos democratas, o embaixador acredita que Bernie Sanders irá manter-se na corrida até à convenção do partido, agendada para julho em Filadélfia (Pensilvânia), ressalvando, no entanto, que a "matemática" dos votos, ou seja, dos delegados e dos 'super delegados' (uma elite do partido que tem autonomia de voto) conquistados até hoje, "torna pouco provável a sua nomeação".

Atualmente, Hillary Clinton conta com 1238 delegados (incluindo 472 'super delegados'), enquanto Sanders tem 572 (incluindo 23 'super delegados'). Para a nomeação democrata são precisos 2.383.

Mesmo que não ganhe a nomeação, a mensagem política de Bernie Sanders, conhecido como um "socialista democrata", tem tido repercussões no seio democrata.

"A noção que a classe média, a base sobre a qual o país tem sido construído, tem perdido e que precisa de ser revitalizada, é uma importante mensagem", afirmou o embaixador, acreditando que esta mensagem será utilizada, no futuro, por Hillary Clinton, caso seja nomeada.

Sobre Hillary Clinton, o representante diplomático frisou ainda o espírito de respeito e de colaboração que a ex-secretária de Estado e o seu antigo rival candidato Obama demonstraram ao longo dos últimos anos, independentemente dos seus pontos de vistas.

"Caso seja a nomeada, será expectável que Barack Obama intervenha ativamente na campanha", concluiu.

Na próxima terça-feira, dia 15 de março, está agendada outra grande etapa das primárias republicanas e democratas, com cinco grandes estados a irem a votos: Florida, Illinois, Missouri, Carolina do Norte e Ohio.

Esta etapa poderá ser determinante para o futuro dos candidatos à corrida republicana. Florida é o estado do senador Marco Rubio e tem o peso do eleitorado hispânico, enquanto Ohio é o estado do governador John Kasich, o candidato republicano com menos delegados.

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