Antigo comandante rebelde ugandês acusado de 70 crimes
O Tribunal Penal Internacional (TPI) acusou hoje o antigo comandante rebelde ugandês Dominic Ongwen, ex-líder do Exército de Resistência do Senhor (ERS), de 70 crimes de guerra e contra a humanidade no conflito no Uganda entre 2002 e 2005.
© Reuters
Mundo TPI
Segundo o juiz Cuno Tarfusser, procurador do TPI, o antigo comandante da ERS é acusado de ter treinado pessoalmente crianças-soldado nos finais da década de 1980, preparando-as para o conflito que, segundo as Nações Unidas, matou mais de 100 mil pessoas no Uganda.
Ongwen, atualmente com cerca de 40 anos e um dos mais radicais elementos do ERS, ele próprio "criança-soldado", respondeu já ao TPI que a leitura das acusações é uma "perda de tempo" do tribunal, que terá ainda de decidir de o antigo comandante rebelde deve ou não ser julgado.
Cognominado "formiga branca", pela capacidade de organização e atuação do ERS, Ongwen é acusado de ter treinado e formado "crianças-soldado", cuja missão era a de raptar e matar civis.
"Não foi bem uma guerra civil. O ERS capturou civis como se fossem inimigos. A filosofia foi clara: se não estão connosco, estão contra nós", sublinhou o juiz.
Durante uma semana, o gabinete do Procurador vai tentar convencer o TPI que Ongwen deve ser julgado pelos 70 crimes.
Entre as acusações figuram também as de escravatura sexual, morte e rapto de crianças.
Ongwen foi transferido para Haia após se ter rendido às forças especiais norte-americanas em janeiro de 2015, na República Centro-Africana.
Na altura, os Estados Unidos tinham posto a "cabeça a prémio" do então comandante rebelde por cinco milhões de dólares (cerca de 4,5 milhões de euros).
Criado com o objetivo de derrubar o regime do presidente ugandês, Yoweri Museveni, substituindo-o por um outro com base nos Dez Mandamentos, o ERS criou uma reputação de atrocidades sem paralelo na história do país.
Museveni chegou ao poder no Uganda em 1986, através de um golpe de Estado, mantendo-se como presidente há 30 anos.
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