Segundo a agência France Presse, um grupo de manifestantes do cortejo da Frente Esquerda tentou lançar uma bomba incendiária contra um automóvel no centro de Atenas e lançou pedras contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo.
Vários milhares de agentes da polícia foram mobilizados para os protestos em Atenas, onde os manifestantes eram cerca de 35.000. Em Salónica (norte), segunda cidade do país, os protestos juntaram cerca de 15.000 pessoas.
A manifestação foi convocada pelas centrais sindicais do sector privado GSEE e público Adedy para "responder às políticas sem saída e anti-crescimento que empobreceram a sociedade grega e afundam a economia na crise".
"Stop, não podemos mais", lia-se na faixa central do cortejo sindical, engrossado por apoiantes do principal partido da oposição, o Syriza (esquerda radical), que distribuíram panfletos apelando para "fazer cair o mais depressa possível" o governo.
Manifestando-se, como é habitual, à parte, a frente sindical comunista Pame desfilou sob o 'slogan' "Não à escravatura moderna", para denunciar a desregulação do mercado que tem como consequência a baixa continuada dos salários.
No cortejo seguiam alguns tractores, em representação dos agricultores, que ameaçam cortar as estradas do centro do país em protesto contra o endurecimento do regime fiscal e a falta de crédito.
A política de austeridade na Grécia, iniciada em 2010, traduziu-se num agravamento da recessão, com aumento do desemprego, redução da protecção social e cortes na saúde e na educação.
Segundo um estudo divulgado recentemente, metade dos agregados gregos está em risco de insolvência.
"Não podemos exigir mais esforços aos gregos", disse na terça-feira o presidente francês, François Hollande, durante a visita "de apoio" que fez à Grécia, antes de o seu homólogo grego, Carolos Papoulias, sublinhar o risco de "uma explosão social" no país.
Nesta fase, segundo fonte do Ministério das Finanças grego citada pela agência France Presse, "trata-se apenas de aplicar" os compromissos assumidos em Novembro junto dos credores internacionais para garantir a continuação do apoio financeiro, "em particular em matéria de privatizações, arrecadação de impostos e redução do sector público".
Nesse sentido, segundo a mesma fonte, o governo de coligação de centro-direita aguarda "sem grande pressão" o regresso, no final de Fevereiro ou início de Março, da missão da troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional).