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"Serão os jovens a preservar a história" da Síria no pós-conflito

O arqueólogo Michel al-Maqdissi disse hoje, em Lisboa, que a preservação da herança arqueológica da Síria, atualmente fortemente ameaçada, só será possível com uma mentalidade pós-conflito "clara e unida", tarefa que dependerá em muito das novas gerações.

"Serão os jovens a preservar a história" da Síria no pós-conflito
Notícias ao Minuto

20:44 - 20/10/15 por Lusa

Mundo Historiador

O antigo responsável pela arqueologia na Direção-geral de Antiguidades e Museus de Damasco falava hoje durante uma conferência promovida pelo Instituto Português Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.

Desde o início do conflito civil, em março de 2011, e recentemente com a ofensiva dos 'jihadistas' do grupo Estado Islâmico, o património milenar da Síria -- país que conta com seis locais classificados como Património Mundial da Humanidade -- tem estado num constante risco de danificação e, em alguns casos, de destruição total.

Perante uma plateia composta sobretudo por alunos, alguns de nacionalidade síria, Michel al-Maqdissi lançou a questão: "Podemos escapar do desastre destrutivo do património arqueológico na Síria?".

Para o especialista, que atualmente vive em Paris e trabalha no Museu do Louvre, a resposta ao atual "drama arqueológico" passa por uma atitude pós-conflito "clara e unida" que englobe, entre outros aspetos, a união da comunidade arqueológica síria, a preparação de legislação pós-conflito adequada, o combate ao tráfico ilícito de artefactos e a formação de quadros qualificados direcionados para a proteção e conservação do património.

Um plano de ação que, segundo o especialista, já não será colocado em prática pela sua geração, mas sim pelos jovens sírios, muitos dos quais a estudarem no estrangeiro, incluindo em Portugal.

"O futuro já não será para mim, o futuro será dos jovens. (...) É muito tarde para mim. São eles que vão reconstruir a nossa identidade e preservar a nossa história", afirmou.

"Um dia, a Síria estará à espera desses jovens", reforçou o arqueólogo, não esquecendo o papel que também deve ser assumido neste processo por organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), normalmente conotada a uma resposta lenta e burocrata.

Sem mostrar qualquer imagem dos monumentos destruídos na Síria durante a intervenção, "porque fico triste e agitado", Michel al-Maqdissi frisou que a herança arqueológica do país "está à mercê de todos os grupos presentes no terreno", do Estado Islâmico à oposição síria, passando também pelas forças do regime de Damasco que, muitas vezes, são responsáveis por "pilhagens silenciosas".

Controlada pelo Estado Islâmico desde maio último, a cidade antiga síria de Palmira, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade em 1980, tem sido um dos casos mais mediatizados da atual vaga de destruição da herança arqueológica síria.

Em agosto passado, os 'jihadistas' divulgaram que tinham decapitado um dos maiores especialistas dos tesouros arqueológicos de Palmira, Khaled al-Assad.

Segundo estimativas da Direção-Geral síria de Antiguidades e Museus, hoje citadas na conferência em Lisboa, cerca de 300 locais arqueológicos e 450 monumentos históricos sírios foram destruídos em vários níveis, 34 museus foram fechados e 300 mil objetos foram retirados para um local seguro.

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