Comércio sino-brasileiro de matérias-primas "tornou-se insustentável"
Wang Qingyuan, ex-ministro conselheiro económico e comercial da embaixada da China no Brasil, apelou a uma maior cooperação entre os dois países nos setores de indústria e infraestruturas, para colmatar a queda na procura chinesa por matérias-primas.
© Lusa
Mundo Diplomata
"O comércio com base em matérias-primas tornou-se insustentável", afirmou este fim de semana Wang, durante um seminário organizado pelo Centro de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim.
Wang lembrou que "tanto a China como o Brasil atravessam um período de transformação dos respetivos modelos económicos" e que para desenvolver as relações é "importante melhorar a capacidade industrial".
"O governo chinês quer exportar equipamento industrial, o que complementa a necessidade do Brasil em melhorar as infraestruturas e aumentar a capacidade de produção", considerou.
Wang citou os investimentos da construtora automóvel chinesa Cherry no Brasil, o lançamento de um satélite conjunto em 2014 e a cooperação nas áreas de nanotecnologia e biotecnologia, como casos de sucesso no diversificar das relações económicas.
A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil e principal emissor de investimento direto estrangeiro no país.
É também um importante cliente de soja, aço e petróleo brasileiros.
Porém, a transição da China para um modelo económico com maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento do investimento em grandes obras públicas e exportações, tem tido efeitos, sobretudo nos países exportadores de matérias-primas.
O volume das trocas comerciais entre o Brasil e China no primeiro semestre do ano cifrou-se em 34,24 mil milhões de dólares (30,85 mil milhões de euros), menos 19,27% do que no período homólogo do ano passado.
As exportações da China para o Brasil atingiram 14,92 mil milhões de dólares (13,4 mil milhões de euros), traduzindo uma quebra de 7,99%, enquanto as importações totalizaram 19,32 mil milhões de dólares (17,41 mil milhões de euros), menos 26,24%.
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