O timing da resignação do Papa Bento XVI não podia ter sido o pior para os candidatos às eleições legislativas em Itália, de 24 e 25 de Fevereiro. Vários analistas italianos consideram que o anúncio do pontífice ‘abafou’ totalmente a campanha.
O analista de sondagens Luigi Crespi considera mesmo que “o anúncio de [Joseph] Ratzinger, acabou com a campanha eleitoral”.
No mesmo sentido, o editor do jornal La Stampa, Ugo Magri, refere que a “primeira reacção dos políticos italianos após a demissão do Papa foi: ‘Meu Deus, agora vamos desaparecer dos jornais e da televisão’”.
Já o editor do diário Il Fatto Quotidiano, Marco Travaglio, destaca o contraste entre a atitude de Bento XVI e a dos políticos italianos “decrépitos, quer no plano da idade como no político, que teimam em agarrar-se aos seus lugares até à morte”.
Para Marcello Sorgi, editor do La Stampa, os políticos de Itália vivem numa “incrível feira de vaidades” e tornam-se “incapazes de perceberem a dimensão do gesto de Bento XVI”, dada a sua preocupação com a “caça ao voto”.
De salientar que além da resignação do Papa, o conclave para decidir o sucessor de Bento XVI vai decorrer no mesmo momento em que será eleito e anunciado o novo governo de Itália.