Gregos vão ter governo para quatro anos e nova fase da vida política
Um conselheiro do líder do Syriza - o partido que pretende voltar a governar a Grécia, com um mandato renovado nas eleições antecipadas de domingo - disse hoje à Lusa estar confiante que os gregos vão ter um governo de longa duração.
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Mundo Syriza
"No domingo ou na segunda-feira haverá um governo grego de longa de duração, para quatro anos e não para alguns meses. Posso garantir que no domingo entramos numa nova fase da vida política grega, porque o Syriza também entrará numa nova fase como partido", afirmou Panos Trigazis, economista, coordenador de relações internacionais do Syriza e conselheiro próximo de Alexis Tsipras, que foi primeiro-ministro entre janeiro e 20 de agosto, quando apresentou a demissão precipitando a convocação das legislativas antecipadas.
Habituado a produzir declarações chamativas, Trigazis atira com um sorriso que "há um ditado grego que diz que 'a terceira vez é a melhor' por isso estas eleições vão ser uma boa ocasião para o Syriza, não apenas por vencer as eleições, mas também porque agora o partido se apresenta numa plataforma mais clarificada".
O conselheiro de Tsipras referia-se ao facto de no domingo os gregos irem votar pela terceira vez este ano -- depois de eleições, também antecipadas, em janeiro e de um referendo em julho - e à cisão do partido operada por um grupo de 25 deputados da ala mais à esquerda do Syriza, que tem como designação oficial "Coligação da Esquerda Radical", e que formaram o partido Unidade Popular.
A cisão, que determinou a demissão do governo perante a debandada de parte significativa da sua bancada parlamentar, foi provocada pela aprovação no parlamento grego de um novo pacote de austeridade associado a um terceiro resgate financeiro da Grécia, no valor de 86 mil milhões de euros, que Tsipras acordou em Bruxelas depois de um desgastante processo negocial que o forçou a recuar em promessas feitas sobre acabar com a austeridade na Grécia.
Para Panos Trigazis, o Unidade Popular - eurocético, que defende o fim da austeridade, o não-pagamento da dívida grega e a saída da Grécia do euro - "representa o socialismo antiquado" de "membros do Syriza que nunca perceberam o que é o Syriza e o que é uma esquerda moderna", enquanto o Syriza, agora "depurado", é a "esquerda do século XXI".
O Syriza disputa a vitória nas eleições de domingo com o partido conservador Nova Democracia (ND), liderado desde julho por Vangelis Meimarakis, líder interino que conseguiu fazer o partido subir nas sondagens de uma posição de clara inferioridade até ao virtual empate e com sondagens divulgadas na noite de terça-feira a avançarem mesmo uma vantagem do ND sobre o Syriza.
Mas a formação de um governo de coligação é o desfecho dado como certo e Panos Trigazis reiterou hoje à Lusa a recusa de qualquer entendimento com o ND que tem sido afirmada por Alexis Tsipras.
Excluído o ND, Trigazis diz que o socialista PASOK e o partido de centro-esquerda To Potami são parceiros prováveis de uma coligação para alcançar o tal governo de longa duração.
"O que o Syriza defenderá sempre é que haverá um processo negocial aberto para definir um programa de governo que outros partidos possam subscrever. Essa será a base de trabalho, a discussão de um programa de governo. Os partidos que se sintam confortáveis com esse programa comum poderão integrar uma coligação", disse o conselheiro de Tsipras.
"Nunca devemos subestimar o que se consegue através da negociação", adiantou.
Panos Trigazis disse ainda que depois das eleições, se o Syriza formar governo, "a luta essencial será a de debater a questão da dívida grega".
"Uma das conquistas do processo negocial que resultou no novo pacote de austeridade foi o ter deixado em aberto essa questão e ter deixado aberta a possibilidade de serem discutidos mecanismos de renegociação ou flexibilização da dívida, o que poderá permitir à Grécia iniciar um caminho de recuperação, que agora é impossível dado que o pagamento de juros da dívida consome todos os recursos".
Face a criticas de que a convocação de eleições antecipadas foi apenas uma estratégia para o Syriza resolver problemas internos, Trigazis afirma que "era necessária uma renovação do mandato para governar depois de o partido ter perdido a maioria parlamentar e em democracia e isso faz-se com eleições".
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