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Canal televisivo dos tártaros deixa de emitir após meses de pressões

Após meses de pressões, as autoridades russas encerraram hoje o canal televisivo dos tártaros da Crimeia, uma minoria muçulmana que se opôs à anexação da península situada no sul da Ucrânia pela Rússia em março de 2014.

Canal televisivo dos tártaros deixa de emitir após meses de pressões
Notícias ao Minuto

17:26 - 01/04/15 por Lusa

Mundo Crimeia

Em setembro passado, a ATR tinha sido acusada de "extremismo", com o ministério do Interior local a referir ter sido informado que o canal televisivo "fomentava intencionalmente entre os tártaros da Crimeia um sentimento de desafio face às autoridades" russas.

"Deixámos de emitir à meia-noite", confirmou à agência noticiosa AFP Lilia Boudjourova, diretora-adjunta do canal que emite em três línguas, incluindo o tártaro. "Não é o fim", assegurou. "Se pensam que vão conseguir suprimir o canal, enganam-se".

A ATR e as suas três filiais, duas estações de rádio e um canal para crianças, não receberam autorização para emitir por parte das autoridades russas, e foram forçadas ao encerramento.

Entre 150 e 200 pessoas reuniram-se frente às instalações da cadeia televisiva em Simferopol, numa ação de apoio. "As pessoas estão profundamente deprimidas pela situação", sublinhou Boudjourova.

Na sua conta Twitter, o presidente ucraniano Petro Poroshenko condenou o encerramento do canal. "Podem encerrar o canal, mas não podem bloquear as aspirações à liberdade e à verdade dos tártaros da Crimeia!", escreveu.

No final de janeiro, cerca de 50 polícias efetuaram uma busca nas instalações da ATR para apreender gravações vídeo de uma manifestação de tártaros Simferopol que contestaram no final de fevereiro de 2014 a anexação da Crimeia pela Rússia.

A manifestação degenerou em confrontos, pouco antes de as forças especiais russas assumirem o controlo da península.

Na ocasião, o sinal hertziano da cadeia foi cortado e apenas continuou a emitir pela internet ou por satélite.

Em março de 2014 a Rússia anexou a Crimeia após um referendo contestado e no qual, segundo o Kremlin, 97 por cento dos votantes optaram pela unificação com a Rússia.

Os 300.000 tártaros da Crimeia, que representam cerca de 12% dos habitantes da península, boicotaram em massa o referendo. Esta comunidade de origem turca instalada a partir do século XIII na Crimeia, e deportada para a Sibéria e Ásia central durante o regime estalinista, regressou à península após a desintegração da União Soviética em 1991 e a independência da Ucrânia.

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