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Referendo que aprovou anexação russa foi há um ano

O referendo que há um ano aprovou a secessão da Cimeira foi o prelúdio de um conflito que se estendeu ao leste da Ucrânia e originou a presente e grave crise entre Moscovo e o ocidente.

Referendo que aprovou anexação russa foi há um ano
Notícias ao Minuto

08:30 - 13/03/15 por Lusa

Mundo Crimeia

"Este acontecimento permanecerá para sempre um marco decisivo da nossa história", foi a expressão utlizada pelo Presidente russo Vladimir Putin quando se referiu à anexação da Crimeia no seu tradicional discurso de Ano novo, em 1 de janeiro.

Num país onde o peso da história conta, a descrição de Putin não deixa de possuir enorme significado. Assim, elogiou a população russa pela sua "bravura e lealdade", sublinhou o "marco histórico" numa referência à anexação e disse que foi o amor pela "mãe-pátria" que assegurou a anexação da península.

Foi há um ano, em 16 de março de 2014, que um referendo convocado pelo parlamento desta república autónoma ditou a secessão deste território e posterior união à Rússia. E o início da mais grave crise entre Moscovo e o Ocidente (União Europeia e Estados Unidos), desde o final da Guerra Fria.

Numa região com maioria de população russófona os resultados da consulta revelaram um apoio esmagador (96,77%) à integração na Rússia, com uma taxa de participação de 83,1%. Moscovo reconheceu os resultados e alegou que a declaração unilateral da independência do Kosovo, em 2008, originou um precedente que permitia a secessão da Crimeia.

Apesar de o processo ter sido pacífico, ao contrário do que sucederá a partir de abril nas regiões russófonas do Donbass (Leste da Ucrânia), Washington e Bruxelas ameaçam Moscovo com sanções, que depois começam a ser aplicadas e reforçadas à medida que os separatistas do leste da Ucrânia, apoiados pela Rússia, garantiam ganhos territoriais.

De início, o governo autónomo da península negou pretender "promover a secessão" e disse que o referendo se destinava a "reforçar a autonomia", mas com a minoria de ucranianos e tártaros locais a manifestarem de imediato oposição à consulta.

Após diversos meses de contestação pró-ocidental, Ianukovitch foi na ocasião destituído pelo parlamento em Kiev e refugiou-se no leste do país. O poder mudava de mãos na Ucrânia, com os países ocidentais a apoiarem de imediato os novos dirigentes, que ignoraram um "plano de transição" mediado pela UE e Rússia.

Na noite de 22 para 23 de fevereiro, Putin reuniu-se com altos responsáveis do governo e dos serviços de segurança, e na entrevista admitiu que a Rússia "seria forçada a tomar medidas para fazer regressar a Crimeia ao território russo".

Quatro dias depois, em 27 de fevereiro, um comando não identificado e fortemente armado assumiu o controlo do parlamento regional da Crimeia, com os deputados a aprovarem a realização do referendo. Em paralelo, Kiev denunciava uma "invasão" russa e o envio de 2.000 homens para a Crimeia, que assumem o controlo de locais estratégicos.

A península será oficialmente unida à Rússia em 18 de março, uma "anexação" que nunca será reconhecida pela nova liderança ucraniana e pelos principais países ocidentais. Em paralelo, o ex-presidente Ianukovitch refugiava-se na Rússia.

A anexação da Crimeia reforçou a popularidade de Putin, com 80% da população a apoiar uma decisão que segundo o próprio Mikhail Gorbatchov - o ex-presidente que promoveu a abertura política a partir de 1985 e anunciou o fim da União Soviética em 1991 -- corrigiu uma "injustiça histórica".

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