Freira brasileira recorda o momento em que receou "morrer sufocada"
A freira brasileira Rosangela Maria Altoé, 58 anos, viveu de perto o terramoto que atingiu o Haiti há cinco anos, e pensou que poderia perder a vida quando se viu envolta com poeira branca.
© Reuters
Mundo Haiti
"O pensamento [era apenas] de que ia morrer sufocada quando subiu uma enorme poeira branca e só isso se poderia respirar. Sentia-me sufocada e sem fôlego, seca", afirmou a freira, por e-mail.
Rosangela Maria Altoé havia chegado a 11 de janeiro de 2010 pela primeira vez ao Haiti, um dia antes daquele que foi o sismo mais mortífero do século XX. Trabalhava na Pastoral da Criança, no setor internacional, e acompanhava, nessa viagem, a coordenadora e fundadora da instituição, Zilda Arns Neumann, que faria uma conferência.
Neumann, que morreria durante o sismo, já havia pensado em ir ao Haiti anteriormente, para levar o trabalho da pastoral, mas a instabilidade política do país provocou vários adiamentos na viagem.
A religiosa contou também que estava num salão de uma escola de formação teológica quando o terramoto começou e que não percebeu logo de início.
"Só tive consciência quando me vi caída no chão, e senti que o piso ia desabar. Consegui colocar-me de quatro e depois de pé e, nesse momento, as paredes se desprenderam e desabaram, e eu saltei para fora", contou.
Altoé realçou que agiu instintivamente, pois não havia tempo para pensar. Após o terramoto, disse ter visto um cenário de sofrimento, tendo agradecido a Deus e a Maria pela sua vida.
Havia "muita dor, sangue, pessoas muito machucadas, sem braço, sem pernas, gritos, lágrimas de misturadas com oração, gente ajoelhada no meio da rua agradecendo a Deus pela vida", disse a freira, que atualmente mora em Roma e atua na equipe de animação da Congregação das irmãs da Imaculada Conceição.
A religiosa contou também que procurou por "todos os lados" a Zilda Arns e se sentia "sem rumo" por não encontrá-la. Entendeu que não havia dado tempo de ela sair do prédio quando um padre a informou de que a fundadora da pastoral havia descido pela escada.
A Pastoral da Criança, no Estado do Paraná (sul do Brasil), realiza hoje uma celebração em homenagem à sua fundadora. No ato, será entregue aos representantes da arquidiocese local uma moção de apoio à beatificação de Zilda Arns Neumann.
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