Tentativa global de consenso sobre alterações climáticas começa segunda-feira
Responsáveis governamentais de todo o mundo vão tentar, mais uma vez, chegar a consensos nos objetivos e compromissos de redução dos gases com efeito de estufa, de modo a evitar as alterações climáticas e os fenómenos extremos.
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Mundo Lima
A 20.ª Conferência das Partes (COP20) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas inicia-se segunda-feira e decorre até 12 de dezembro, em Lima, no Peru, com o objetivo de preparar um novo acordo global, a assinar na reunião de Paris, em 2015.
Para Francisco Ferreira, da Quercus, que vai estar em Lima em representação da organização, a conferência é "absolutamente decisiva para um futuro acordo global climático" e uma das questões fundamentais "é perceber se aquilo que tem sido anunciado consegue agora ser concretizado de modo mais formal", com objetivos, contexto e assumir compromissos.
Quanto às perspetivas para a reunião, o ambientalista referiu, "acima de tudo, uma enorme curiosidade para perceber se o que tem sido anunciado em diversos eventos recentes, nomeadamente pelos EUA e pela China, vai ter realmente um reflexo quando se chegar à mesa das negociações".
Em Lima, além dos ministros de vários países, espera-se a participação da sociedade civil, de cientistas e da indústria, o que "é vital, se quisermos começar a mudar algo em relação ao maior problema que afeta a humanidade este século", ou seja, as alterações climáticas, avançou à agência Lusa.
"É fundamental definir este acordo quanto antes, para não termos uma repetição do desaire que se verificou em Copenhaga, em 2009", alertou o especialista em alterações climáticas.
Francisco Ferreira disse que é necessário definir um caminho em que as energias renováveis e a eficiência energética ganhem protagonismo perante o uso de combustíveis fósseis. O recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas "traçou um cenário dramático para todo o planeta, se não forem tomadas medidas".
Depois do Protocolo de Quioto, em que a União Europeia se comprometeu com metas e limitações de emissões, é necessário decidir rapidamente as medidas a avançar até 2020, e conseguir um compromisso para depois dessa data, em termos da redução de gases com efeito de estufa.
O compromisso deve abranger os "países desenvolvidos como um todo, englobando também os EUA, Canadá, Austrália, Japão e Rússia, que estão de fora", assim como as economias emergentes, como a China e outras com forte crescimento, defendeu o especialista.
Esta conferência segue-se à cimeira promovida pelo secretário-geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova Iorque, que conseguiu mobilizar algumas verbas para o fundo climático verde, instrumento que vai apoiar as reduções de emissões e a adaptação de países com menos recursos.
A reunião também incluiu o compromisso da China, pela primeira vez, a atingir um pico de emissões antes de 2030, ao mesmo tempo, que os EUA assumiram uma redução de cerca de 28%, entre 2005 e 2030.
Não foram só os políticos que marcaram a cimeira. A sociedade civil transmitiu a sua posição quando 400 mil pessoas estiveram nas ruas de Nova Iorque e mais 350 mil no resto do mundo, incluindo em Portugal, exigindo "Mais ação climática, já!".
A agência Lusa tentou, junto do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, saber quem será o representante do Governo nesta conferência, mas, até ao momento, não obteve resposta.
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