Etiópia acusada de perseguir a etnia Oromo
A Amnistia Internacional acusou a Etiópia de ter "perseguido sem misericórdia" e torturado o maior grupo étnico do país por considerar que estão contra o Governo, num relatório com mais de 200 entrevistas divulgado hoje.
© Reuters
Mundo Amnistia Internacional
No documento, citado pelas agências internacionais, dá-se conta de que milhares de pessoas da etnia Oromo foram "regularmente sujeitas a prisões arbitrárias, detenções prolongadas sem acusações, desaparecimento forçado, tortura repetida e assassínios encomendados pelo Estado".
Pelo menos 5 mil membros da etnia Oromo foram presos, muitas vezes simplesmente por estarem em contacto com opositores do Governo ou por se achar que podem ser simpatizantes antigovernamentais, indica-se o relatório, em que se dá conta do "desaparecimento de dezenas de opositores ou suspeitos de serem da oposição".
Os antigos detidos, que fugiram para os países vizinhos e foram aí entrevistados pela Amnistia Internacional, fazem um relato tenebroso do que se passa, relatando tortura "com espancamentos, choques elétricos, execuções encenadas, queimaduras com metal aquecido e violações, algumas delas em grupo".
O Governo não respondeu de imediato à divulgação do relatório, mas tem desvalorizado estes documentos, negando qualquer acusação de tortura ou de detenções arbitrárias.
"A perseguição a dissidentes do Oromo reais ou imaginários por parte do governo da Etiópia é avassalador na sua escala e muitas vezes chocante na sua brutalidade", comentou a investigadora da AI Claire Beston, acrescentando que estas práticas "são aparentemente levadas a cabo para avisar, controlar ou silenciar todos os sinais de 'desobediência política' na região".
Com 27 milhões de pessoas, a etnia Oromo é a mais populosa do país composto por estados federais e tem a sua própria linguagem.
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