Funeral de Duvalier, antigo ditador, sem honras de Estado
O antigo ditador do Haiti, Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, não vai receber cerimónias fúnebres de Estado, anunciou hoje o seu advogado, após a indignação pública de que uma figura acusada de corrupção e assassínios pudesse receber tais honras.
© Reuters
Mundo Haiti
Duvalier vai ser homenageado numa cerimónia familiar no sábado, numa capela na sua antiga escola católica, em Port-au-Prince, mais de 25 anos depois de se ter exilado após uma revolta popular.
Depois da morte do antigo ditador, na semana passada, aos 63 anos, devido a um ataque cardíaco, o Presidente haitiano, Michel Martelly, declarou, na sua conta na rede social Twitter, que "Baby Doc" foi "um verdadeiro filho do Haiti" e o seu porta-voz disse que um funeral nacional seria o protocolo adequado.
No entanto, a ideia de que um homem acusado de encabeçar a pilhagem do Haiti por uma elite corrupta e de soltar a assassina milícia Tonton Macoute contra os seus opositores pudesse ser honrado com cerimónias de Estado indignou os grupos da oposição e as vítimas do regime.
Esta iniciativa poderia também representar um embaraço para os parceiros internacionais do Haiti, que apoiam o governo de Martelly apesar das suas ligações a figuras do regime anterior.
O advogado da família de Duvalier lamentou que o governo "em vez de se manter fiel aos seus princípios, tenha cedido à pressão de certas figuras".
Duvalier chegou ao poder em 1971, aos 19 anos, após a morte do seu pai, o ainda mais temido François "Papa Doc" Duvalier. Esteve à frente deste país caribenho durante 15 anos, até ter sido conduzido ao exílio na sequência de protestos.
Regressou ao país em 2011 no primeiro aniversário do terramoto, afirmando querer ajudar à reconstrução do Haiti, mas foi confrontado com processos judiciais e acusações de corrupção e abusos dos direitos humanos.
As vítimas sentem-se agora frustradas pela morte repentina de Duvalier, que lhes retirou a possibilidade de o confrontar com os alegados crimes em tribunal, e grupos de direitos humanos prometeram manter os casos como um ato de memória nacional.
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