Cheng Li-wun, antiga porta-voz do Governo taiwanês (2012-2014), venceu no sábado as eleições internas do KMT com 50,15% dos votos, superando largamente o seu principal adversário, o ex-presidente da câmara de Taipé Hau Lung-bin, que obteve 35,85%.
Em declarações à rádio, citadas pela agência estatal CNA, Cheng garantiu que o KMT vai passar de ser "um rebanho de ovelhas a uma manada de leões" sob a sua liderança, e sublinhou que a paz entre Taipé e Pequim é "a questão mais importante" para o partido.
A nova líder considerou ainda que a estratégia de "usar a oposição à China como arma política" perdeu eficácia na sociedade taiwanesa, defendendo a necessidade de "reunir o maior consenso possível dentro de Taiwan" para que o partido tenha uma "representação mais legítima no outro lado do estreito".
Cheng não excluiu a possibilidade de visitar a China continental nem de se encontrar com Xi Jinping: "Estou disposta a fazer qualquer trabalho e a reunir-me com quem for necessário", declarou, rejeitando, no entanto, que o KMT venha a adotar uma posição pró-reunificação sob a sua liderança.
"Todos os candidatos nestas primárias afirmaram ser chineses. A minha posição sobre as relações através do estreito sempre foi coerente e resiste a qualquer escrutínio. É, além disso, a posição histórica do Kuomintang", afirmou a dirigente, cujo partido tem como nome oficial em mandarim "Partido Nacionalista Chinês".
Após a vitória de Cheng nas primárias, Xi Jinping enviou-lhe uma mensagem de felicitações, na qual manifestou a esperança de que o KMT e o Partido Comunista Chinês "reforcem a sua base política comum" e unam "a grande maioria do povo taiwanês para aprofundar os intercâmbios e a cooperação, impulsionar o desenvolvimento conjunto e avançar rumo à reunificação nacional".
Na mensagem, divulgada pela agência noticiosa oficial Xinhua, Xi apelou também à salvaguarda da "casa comum da nação chinesa" e dos "interesses fundamentais da população de ambos os lados do estreito".
Cheng, por sua vez, respondeu que os habitantes da China e de Taiwan "fazem parte da mesma nação chinesa" e defendeu que os dois partidos devem reforçar os intercâmbios e a cooperação para "promover a paz e a estabilidade", segundo a mesma fonte.
A líder do KMT tomará posse a 01 de novembro, durante o congresso nacional do partido, num contexto de crescentes tensões com Pequim, que considera a ilha, governada autonomamente desde 1949, como parte inalienável do seu território.
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