O Hamas adiantou ainda que os civis que Washington disse que o grupo islamita iria atacar são, "na verdade, milícias financiadas por Israel, dedicadas a destruir a estrutura de segurança civil" que se manteve em vigor durante a guerra.
O Hamas respondeu energicamente à mensagem divulgada pelo Departamento de Estado norte-americano, que alegou ter informações dos "países garantes" do cessar-fogo em Gaza de que está iminente um ataque do Hamas contra o seu próprio povo, naquilo que "constituiria uma violação direta e grave do acordo".
A resposta do movimento islamita, publicada num jornal ligado ao grupo, afirma que a mensagem dos EUA é uma "acusação falsa que corresponde plenamente à propaganda israelita enganosa".
O Hamas alega que está a acontecer exatamente o contrário do que os Estados Unidos afirmam, e que as suas intervenções visam combater "gangues criminosos, treinados, armados e financiados pelas autoridades de ocupação" --- uma referência a Israel --- que se dedicaram durante a guerra a perpetrar "assassinatos, raptos, roubos de camiões de ajuda humanitária e ataques contra civis palestinianos".
Entre os gangues, garante o Hamas, consta, por exemplo, o grupo liderado por Yasser Abu Shabab, chefe dos guerrilheiros que têm o seu nome.
Abu Shabab admitiu, pela primeira vez em junho passado, estar a cooperar "a um certo nível com Israel", como o próprio primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha anunciado semanas antes.
Fontes de segurança em Gaza confirmaram que a Força Radaa (a nova força policial interna do Hamas, criada em junho passado) está a realizar "uma ampla campanha em toda a Faixa de Gaza para atacar alegados colaboradores e redes criminosas, com o total apoio das fações palestinianas".
Os canais da rede de mensagens Telegram afiliados ao movimento islamita confirmaram, segundo a estação norte-americana de televisão CNN, que o Hamas está a realizar execuções públicas de criminosos, mas os moderadores esclarecem que estas estão a ser realizadas "na sequência de processos legais pertinentes".
A Comissão Independente dos Direitos Humanos (CIDH), o órgão nacional de monitorização dos direitos humanos do Governo palestiniano na Cisjordânia, denunciou que "estes atos constituem graves crimes em termos legais e morais que exigem condenação e responsabilização urgentes".
Em resposta, o Hamas insiste, na declaração divulgada hoje, que os acusados "reconheceram publicamente os seus crimes através dos meios de comunicação social e de vídeos, confirmando o envolvimento da 'ocupação' na propagação do caos e na perturbação da segurança".
Por fim, o movimento sublinha que as forças policiais de Gaza, "com amplo apoio civil e popular, estão a cumprir o seu dever nacional ao perseguir estes gangues e responsabilizá-los, de acordo com mecanismos legais claros, para proteger os cidadãos e salvaguardar a propriedade pública e privada".
Por tudo isto, o Hamas apela ao Governo dos EUA para que pare de repetir "a narrativa enganosa da 'ocupação' e aborde as suas repetidas violações do acordo de cessar-fogo", particularmente "o seu apoio a estes grupos e o fornecimento de refúgios seguros em áreas sob o seu controlo".
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