"Uma delegação de alto nível do Emirado Islâmico [do Afeganistão], liderada pelo ministro da Defesa, Mohamed Yaqub Mujahid, partiu hoje para Doha, cumprindo a promessa de manter conversações com o lado paquistanês", confirmou o vice-ministro afegão da Informação e principal porta-voz do Governo, Zabiullah Mujahid.
O porta-voz condenou, no entanto, novos ataques aéreos paquistaneses na província de Paktika, que "mataram e feriram vários civis".
"O Emirado Islâmico condena veementemente estes crimes repetidos pelas forças paquistanesas e a violação do território afegão, e considera tais ações provocatórias e uma tentativa de prolongar a guerra", alertou, garantindo que "os 'mujahidin' [combatentes por Alá] do Emirado Islâmico se absterão, por enquanto, de novas ações para preservar a dignidade e o respeito da sua equipa de negociação".
A televisão estatal paquistanesa tinha anunciado esta madrugada que uma delegação do país ia viajar hoje para Doha, para negociar um acordo com os talibãs afegãos.
"O ministro da Defesa, Khawaja Asif, e o chefe dos Serviços de Informações, tenente-general Asim Malik, viajarão hoje para Doha para conversar com os talibãs afegãos", avançou a estação PTV.
Na sexta-feira, fontes de segurança de Islamabade disseram que o Paquistão efetuou "ataques aéreos de precisão" contra um grupo descrito como terrorista, apesar de os dois países terem anteriormente concordado num cessar-fogo para facilitar as conversações no Qatar.
Os combates dos últimos dias eclodiram após uma ofensiva talibã junto à fronteira, realizada após denunciar vários bombardeamentos paquistaneses contra o país, incluindo um em Cabul que teria como alvo o líder do Tehrik-i-Taliban Paquistão (TTP), conhecido como talibãs paquistaneses.
A zona fronteiriça tem sido cenário de insegurança há anos, especialmente devido aos ataques do TTP, no meio de acusações de Islamabade de que a Índia e os talibãs afegãos apoiam a organização, algo rejeitado por Nova Deli e Cabul.
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