A cerimónia fúnebre nacional de Odinga começou às 10:00 locais (07:00 em Lisboa), com o Presidente William Ruto ao lado da família do falecido político no Estádio Nyayo, que tem capacidade para 30 mil pessoas.
A debandada ocorreu quando milhares de pessoas tentaram aproximar-se do caixão de Odinga após a saída das autoridades, de acordo com jornalistas da agência de noticias France-Presse (AFP).
Pessoas de várias bancadas levantaram-se ao mesmo tempo, forçando alguns espetadores a atirarem-se das arquibancadas, com outras a terem sido pisoteadas junto ao caixão. Militares ordenaram que se ajoelhassem, mas a multidão continuou a empurrar.
Os jornalistas da AFP disseram que viram muitas pessoas desmaiadas, outras com fraturas ou com dificuldades respiratórias, e cinco ambulâncias estiveram no estádio para prestar assistência médica.
O incidente de hoje ocorreu um dia depois de as forças de segurança terem disparado para dispersar a multidão que prestava homenagem ao falecido ex-primeiro-ministro queniano no estádio Kasarani, para onde o corpo tinha sido levado, com pelo menos três pessoas mortas, segundo a organização de direitos humanos VOCAL Africa.
Imagens no local mostraram pessoas no chão e a correr em todas as direções, enquanto disparos ecoavam no estádio, ao mesmo tempo que agentes agrediam jovens nas arquibancadas. As famílias das vitimas de quinta-feira afirmaram que algumas apresentavam ferimentos compatíveis com balas.
A morte de Raila Odinga na quarta-feira, na Índia - provavelmente devido a uma paragem cardíaca -, representa um abalo para os quenianos, especialmente para a sua comunidade, a luo, que o venerava como uma figura paternal, e deixa um vazio na oposição.
Muitas vezes chamado de "Baba", Odinga foi primeiro-ministro entre 2008 e 2013 e candidato às eleições presidenciais por cinco vezes, sempre sem sucesso.
O caixão, coberto com a bandeira nacional, foi levado num veículo militar pelo estádio Nyayo. O corpo vai ser transferido para o oeste do país, para a cidade de Bondo, onde o ex-primeiro nasceu e onde decorre o funeral, no domingo.
Leia Também: Ex-primeiro-ministro do Quénia Raila Odinga morreu aos 80 anos